Árbitros e consumidores
A Literatura se faz não
somente com temas considerados “importantes”, “profundos”, transcendentais,
tidos e havidos como grandes idéias. Qualquer assunto, em mãos de um escritor
diligente, criativo, sensível e competente, enfim, talentoso, rende textos
inteligentes e decisivos. Torna-se interessante e propicia que o leitor extraia
preciosas lições para a sua vida. Os melhores romances que li, por exemplo,
nasceram de coisas, ou de fatos, trivialíssimos do cotidiano que, sob o olhar
atento de gênios, renderam histórias marcantes e inesquecíveis. Reitero que,
aos fim e ao cabo, o que conta é o talento de quem desenvolve qualquer tema,
seja ele filosófico, antropológico, sociológico ou alguma trivialidade do dia a
dia. Não existe assunto ruim. O que há é escritor incompetente.
Este preâmbulo, um
tanto extenso, vem a propósito de algumas opiniões que venho recebendo sobre
duas das minhas mais recentes reflexões, abordando o costume de se celebrarem
aniversários. Vários leitores (felizmente) manifestaram-se a propósito. Fizeram-no,
porém, por e-mails. As manifestações foram bem vindas, não tenham dúvidas, mas
as formas utilizadas não foram as que eu tanto queria. Minha preferência é que
comentários sejam exibidos aqui, no espaço apropriado para isso, ou, na pior
das hipóteses, em minha página do Facebook, de sorte a que “todos! os que acessarem
esses espaços possam lê-los. Mas... por algum motivo, que foge à minha
compreensão (ou por excesso de modéstia ou por temor de críticas), meus
preciosos leitores preferem o contato “particular”, exclusivamente comigo, sem
partilhar suas críticas, elogios e sugestões com mais ninguém. Embora eu
discorde dessa opção, respeito-a. Recebo essas manifestações com inegável
satisfação e até uma pontinha de vaidade, por que não..
Aliás, estou planejando
escrever um texto específico, abordando, exclusivamente, esses meus
imprescindíveis parceiros literários (que já \ascendem a algumas dezenas), que
para a minha alegria são onipresentes. São eles que me pautam. E mais: elogiam-me,
criticam-me, brigam comigo, sugerem fontes, enfim, participam de alguma forma
do meu processo de criação literária. Pena que o façam, reitero, “apenas” por
e-mail. Espero, contudo, que continuem, pois fiquei “viciado” nesse tipo de
comunicação. Temo que, se vier a ser privado dele, não escreverei tanto ou não
com a mesma alegria, paixão e espontaneidade que caracterizam meus textos. São
leitores fidelíssimos, muitos dos quais me acompanham desde 2002, portanto, há
já doze anos.
Esses meus seguidores
fieis e constantes estão divididos em suas opiniões sobre minhas abordagens a
propósito do hábito de se comemorar aniversários, tema que ainda não esgotei e
que pretendo me aprofundar bem mais. Cerca de 40%, posto que elogiem minhas
informações e a forma como as coloquei, entendem que o tema não é apropriado
para um espaço, como este, voltado à Literatura. Exortam-me a voltar a comentar
lançamentos de livros e aspectos pitorescos de biografias de consagrados
escritores, entre outros, o que, certamente, farei, mas no momento oportuno. A
maioria, porém, por volta de 60%, desafia-me a esgotar este assunto,
sugerindo-me, até mesmo, caminhos novos a seguir. Um deles, entre tantos, é o
leitor João Chaves, que quer saber, por exemplo, o papel do bolo e das velas
nas comemorações de aniversários.
A doutora Mara Narciso –
figura que admiro e respeito, por sua cultura, inteligência e coerência –, por
seu turno, vai mais longe. “Desafia-me” –
não por e-mail, mas no espaço apropriado, no que prefiro que meus leitores
utilizem, abaixo de cada texto – que aborde as diferenças de calendários tempo
e mundo afora, o que faz com que muitos aniversariantes sequer saibam com
exatidão a verdadeira data de nascimento. Já iniciei pesquisas a respeito, em minha
caótica biblioteca. Certamente trarei não só informações, como opiniões
pessoais a respeito. Aguarde, pois, minhas explanações que, aliás, têm tudo a
ver com o que estou tratando.
Aos 40% que consideram
este assunto irrelevante, peço mil desculpas. Se vocês tiveram essa impressão, foi
porque não fui suficientemente competente para fazê-los refletir sobre o tempo
e a fragilidade da vida, que era a minha intenção. Prometo esforçar-me bem mais
para convencê-los e assim satisfazer suas expectativas. Com os outros 60%,
comprometo-me a me aprofundar mais e mais no tema, buscar informações
inusitadas e tratá-las de tal sorte que os induza a raciocinar, que é meu
objetivo final. Asseguro-lhes que estou atento, atentíssimo às críticas, aos
reparos, às observações positivas e/ou negativas, assim como aos elogios (que
sei que são sinceros, por serem espontâneos) e às sugestões de fontes, de sorte
a não decepcionar ninguém. Não decepcionarei! Afinal, vocês são meus árbitros
e potenciais consumidores da minha produção.
Boa leitura.
O Editor
Acompanhe o Editor pelo twitter: @bondaczuk. .
Agradecida pela menção, Pedro. De fato a medição do tempo tem tudo a ver com a nossa fragilidade e temporalidade. O que parece fútil, é até uma grande questão existencial: o tempo que temos, ou pensamos ter. Continuamos seguindo seus passos.
ResponderExcluir