Amor e desamor
* Por Roberto Corrêa
A falta de assuntos que se enquadram dentro dos
objetivos educativos e formativos desta coluna está me forçando a publicar
temas escritos há mais de uma década, de plena atualidade (talvez com vocábulos
fortes para aquela época, mas brando para os desbocados de hoje). Vamos lá: “o
fundamental mandamento cristão do amai-vos uns aos outros como Eu vou amei,
infelizmente não é praticado pela maioria, razão pela qual os problemas
pessoais, da nação e do mundo se encontram sempre na expectativa de acontecer, o
que jamais ocorre.
O que afirmamos pode dar a impressão de reprise de
filme antigo, o acostumado repeteco ou vídeotaipe. Na verdade, porém, trata-se
de enfoque sob ângulo diverso, perspectivas ou facetas usualmente
inobserváveis.
Nosso idioma sendo tão rico em seu vernáculo, não
dá para vez ou outra deixar de abusar de palavras que consideramos belas
ou expressivas.
Quer-me parecer que o ápice cristão atingido na
Idade Média deixou de evoluir, mas permaneceu dentro da ortodoxia
cristão-católica, ainda predominante em abundância, podendo-se considerar a
lamuria dos atuais humanos como mínima ou insignificante. Mas, ocorreu o
Renascimento, a Reforma, a Revolução Francesa, com a eclosão de filosofias
terríveis e destruidoras.
A civilização contemporânea, embasada no
Cristianismo, desembocou nesse oceano vulcânico e proceloso em que nos
encontramos. De repente, então, voltamos a constatar a importância do amor.
Todavia, com facilidade, é esquecida a regra
evangélica de amar o próximo como a si próprio, podendo mesmo se admitir que
esse preceito vem sendo cumprido de forma negativa: como o próximo não nos
ajuda, não nos presta favores, não facilita a nossa vida, a tendência é
retribuir com a mesma moeda e até encontramos dizeres anticristãos bem
populares: “Deus te dê em dobro o que me desejares”.
Podemos exemplificar, ainda, com essa hipótese:
“aquele comerciante que se desinteressou em atender bem o freguês,
inclusive não aceitando cheque ou cartão, vai perdê-lo e, pior, vai ter alguém
deixando de promover o seu negócio etc.
Vivemos, infelizmente, num mundo de vingança, de
desamor. Ninguém é de ninguém, diz a melodia. Ninguém anda nos ajudando, sequer
sendo simpático com os nossos problemas. Com frequência, pagamos com a mesma moeda.
Falta o amor, sobra o desamor.
* Roberto Corrêa é sócio do Instituto dos Advogados de São Paulo, da Academia
Campineira de Letras e Artes, do Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico,
de Campinas, e de clubes cívicos e culturais, também de Campinas. Formou-se
pela Faculdade Paulista de Direito da Pontifícia Universidade Católica de São
Paulo. Fez pós-graduação em Direito Civil pela USP e se aposentou como
Procurador do Estado. É autor de alguns livros, entre eles "Caminhos da
Paz", "Direito Poético", "Vencendo Obstáculos",
"Subjugar a Violência”, Breve Catálogo de Cultura e Curiosidades, O Homem
Só.
Nenhum comentário:
Postar um comentário