Soneto
* Por
Renata Pallottini
O acervo que suspira
pela sombra
e o homem que trabalha
e espera a paga
sonham com o leito;
duro e cruel, meu sonho
és tu: sonhar a noite e
após o dia;
pois se me deito e a
fronte se me ensombra
repouso não me dá, nem
forma vaga
de vão sonhar, o leito
onde me ponho;
meu pobre corpo
esquálido vigia.
Luz e luz, noite e
noite, areia e tempo
deu-me Deus; essa
dádiva persiste
mais além do que é
sonho ou pesadelo.
E deu-me a boca com que
me lamento,
a carne com que sangro
e sinto triste,
o sol que choro e a
força de fazê-lo.
* Poetisa,
dramaturga e tradutora
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