Síndrome do bicho de
pelúcia
* Por Núbia Araujo Nonato do Amaral
* Por Núbia Araujo Nonato do Amaral
Quando eu era miúda, os abraços eram sempre mais apertados.
Não por ser a mais querida entre as sobrinhas. A verdade é que eu era a
mais fofa, no sentido literal mesmo. Minha "fofice" servia de
blindagem. Então me apertavam á vontade.
O amigo leitor deve estar se perguntando se eu era bochechuda e eu respondo: o suficiente para aguentar aqueles carinhos mais efusivos. Cresci sem grandes traumas. A tal da fofice se foi, como acontece em geral com todo mundo.
Casei-me e resolvi ser mãe. Meu filho nasceu tão fofo quanto eu e se ósculos valessem dinheiro eu estaria rica. Vi meu filho na festinha com a cara amarrada. Ele, em lágrimas, me apontava a tal dona que havia apertado suas bochechas. Disse para ele que dissesse que não gostava, que doía e tal.
Esqueci do episódio quando vi a dona de cara feia e meu filho todo feliz brincando com os coleguinhas, todos fofos como ele.
- Seu filho é mal educado! - a tal dona me falou.
- Ele xingou a senhora?!
- Não...ele apertou minhas bochechas!
Dei-lhe as costas e fui procurar os meus risoles.
* Poetisa, contista, cronista e colunista do
Literário
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