Apenas semente
* Por
Alberto Cohen
Que eu morra, de repente, nos teus braços,
como se fosse o fim de mais um verso,
uma rima perdida no universo,
enfim a descansar de seus fracassos.
Que eu guarde em teu olhar meus infiéis
olhares de quem tanto perseguia
a pureza que, às vezes, recendia,
devassa, pelos quartos de bordéis.
Que me tenhas só teu, nesse momento,
e seja de tua boca o meu alento
derradeiro de paz e de agonia.
E que partas, depois, levando ao colo
a alminha do guri que jaz no solo,
plantado qual semente de poesia.
*
Poeta e escritor paraense
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