Dualidade
* Por
Carmo Vasconcelos
Fui deusa da caça
feiticeira de Oz
caçadora e presa
vítima e algoz
Fui verbo-incerteza
em almas pagãs
sacerdotisa de mentes irmãs
Fui louca e devassa
em noites de amor
filha de Afrodite…
E em dias de Graça
asa de condor
no céu sem limite
Fui fogo e surpresa
na cama e na mesa
crédula e perjura
Fui perto e lonjura
amada e esquecida
traidora e traída
Fui calor e beijo
volúpia e desejo
carne de festim
Fui verso e fui luz
a voz de Jesus
falando por mim
Fui nada e fui tudo
choro, riso, Entrudo
princípio e fim
E hoje, em meus anos,
sou ré e juíza
de meus próprios atos
E de meus senãos
sábios ou insanos
lavo as minhas mãos
tal como Pilatos!
* Poetisa portuguesa
Nenhum comentário:
Postar um comentário