Aniversário...
* Por
Olivaldo Junior
Tento enganar o Tempo,
mas ele não perde o bonde e me deixa a pé. O Tempo é demais para mim. Por isso,
ao fazer um texto, ao compor um tema, engano o Tempo (e a mim mesmo)
trancando-o nas letras e nos compassos a fim de tê-lo a qualquer hora. Ontem
fiz aniversário. Sim, “eu tenho mais de vinte anos”, mas o Tempo ainda corre em
minhas veias, ainda durmo em suas teias, sonhando encontros e cânticos para
alguém.
Alguém mandou cartão
pelos Correios. Mais alguém, um poema, que mo mandou por e-mail. O que me
importa é que alguém telefonou e me deu parabéns ainda que longe. Longe, ou
perto, alguém se lembrou de que fiz aniversário. Abraçaram-me. Ganhei abraços
de braços que também querem outros. Outros não mandaram nada. Alguns não
sabiam. De uns poucos, não sei dizer.
Outra noite, cá estava
eu, junto do rádio, qual fazia quando criança, ouvindo música, pensando alto e
voando baixo. Não consegui encontrar quem me acompanhasse no ato de tentar
cantar. Mais coisas, meu bem, não falo. “Eu tenho mais de vinte anos”. Sonhos
envelhecem como eu mesmo me envelheço a cada vez que me recordo: tudo é
recorte, apenas penas que o vento inventa ao voar.
Parabéns, “menino que
eu fui”! Você me fez vivo enquanto viveu! Ainda, num e noutro gole de música,
muito breve, eu o vejo... Você, que sonha, mas é morto. O que se vê é um homem
cujos versos tem tido indiferença e cuja música é cachaça que se deixa
envelhecer (sonhos?), sem ninguém a ter provado.
* Escritor
Nenhum comentário:
Postar um comentário