Sirley e a barbárie contemporânea
* Por Evelyne Furtado
A notícia chamou a minha
atenção: uma empregada doméstica fora espancada por jovens de classe média na
Barra da Tijuca no Rio de Janeiro, onde a violência é matéria todos os dias na
mídia.
Essa notícia, no entanto, chocou-me. O que
justifica essa barbárie?
Que jovens são esses que agridem e roubam uma
trabalhadora que recebeu da vida muito menos do que eles?
Uma inversão que infelizmente está se tornando
prática comum nesse país. Os ricos roubam os pobres (não que eu aprove a
violência feita pelos menos favorecidos economicamente). Acontece entre os
políticos e outras autoridades corruptas que afanam dinheiro da população em
crimes de colarinho branco.
Isso já estamos cansados de ver e nem por isso
deixamos de nos indignar.
Agora a agressão e o desrespeito chegam à
classe média. Universitários agridem covardemente uma mulher que saía do
trabalho e esperava o ônibus.
Eles, os bandidos, vinham de uma rave
(festinha moderna que dura, sabe-se lá regada a que, mais de 12 horas).
Desceram do carro, chutaram seu rosto, bateram no seu corpo digno e roubaram
sua bolsa.
Reflexos de uma sociedade doente. Sofro com as
famílias desses jovens, pois não acredito que se sintam felizes com tamanha
brutalidade cometida por seus filhos.
Sofro com Sirley, vítima dessa barbárie
contemporânea. Sou solidária a essa mulher corajosa que conseguiu denunciar e
levar seus agressores às autoridades competentes.
Sirley hoje simboliza todos os que são
agredidos e roubados pelos mais fortes nesse país.
Torço para que os agressores sejam punidos e
que essa chaga social seja curada em nossa sociedade, antes que não encontremos
mais solução.
A você, Sirley meu abraço e admiração.
* Poetisa e cronista de Natal/RN
Não é difícil ficar do lado de Sirley, mas ainda há quem defenda os rapazes. Nossa sociedade está mais doente do que pensávamos.
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