A
decantada promiscuidade dos homossexuais
* Por Mara Narciso
Na Grécia antiga, o exercício da
homossexualidade era prática comum entre os soldados espartanos. Homens fortes
e corajosos formavam casais, e com isso podiam mostrar um amor maior, como
também ampliar a vontade de lutar e vencer. Não existia a imagem do homem
afeminado, e nem havia preconceito contra esse comportamento, até estimulado pela
cultura da época, para quem ficava anos nos campos de batalha.
Numa situação de guerrilha,
noutros lugares e em tempos modernos, a homossexualidade também pode “estar difundida
e aceita tacitamente”, escreve Asne Seierstad, jornalista norueguesa, em seu
livro “O Livreiro de Cabul”, de 2002, na página 286. É o caso do sul e leste do
Afeganistão, regiões do país nas quais os comandantes de guerrilha têm amantes
jovens que são vistos com olhos delineados a lápis e com atitudes saltitantes
como os travestis ocidentais. “Olham, flertam e rebolam os quadris”, fala Asne.
E continua: “Os meninos muitas vezes se enfeitam com flores na cabeça, atrás da
orelha ou na lapela. São vistos de mãos dadas, juntinhos, lançando sorrisos
sedutores para os homens”. A segregação
por gênero é extrema nestas regiões do país, nas quais homens separados das
mulheres, explicam o fato, debaixo dos olhos do Alcorão, e até do Talibã. Para
as mulheres existem as burcas.
Os homossexuais, de um modo
geral, mundo afora, têm a fama de ser volúveis e de não se fixar em parceiro
algum. É ideia corrente de que sejam adeptos do sexo casual, ficando com qualquer
um a cada saída. É comum a impressão de que sofram de hiperssexualidade e de
que estão predispostos ao sexo a qualquer momento. A idealização, no imaginário
popular, de que haja encontro carnal promíscuo com parceiros variados agrava o
preconceito contra esse grupo da população. Gente bem informada persiste
pensando assim, enquanto estranhamente vê, em todo território nacional, levas
de casamentos coletivos de bom número de casais homossexuais, que moram juntos há
algum tempo e querem regularizar sua situação civil. De onde veio tanta gente
em relacionamento estável?
Ora, os fatos estão contradizendo
a linguagem corrente. O casamento entre pessoas do mesmo sexo não chegou para
incomodar ninguém, e nem para fazer apologia à homossexualidade. Apenas vem
mostrar a existência de muitos casais estáveis formados por pessoas do mesmo
sexo, que se amam, estão debaixo do mesmo teto e querem oficializar o fato. Não
houve aumento da população homossexual. Apenas esta população deixou
definitivamente a sombra, o submundo, o gueto da imunda segregação e mostra a sua
cara. Afinal, os gays são promíscuos, ou, agora que podem, são pessoas que se
apaixonam, amam e constituem família?
A oficialização deste tipo de
casamento vem para mostrar que o diferente não é raro, e nem é tão diferente.
Quem ama quer ficar junto, quer estabilidade, quer segurança. O sexo casual não
é escolha, é contingência. Quem consegue se apaixona, quem pode ama, e quem
ama, quer um relacionamento duradouro, e não uma chuva de verão. Muitos querem
se apaixonar, e os apaixonados querem aconchego, colo, estabilidade e respeito.
Que esses casamentos sejam amorosos e eternos. O amor agradece.
*Médica endocrinologista,
jornalista profissional, membro da Academia Feminina de Letras e do Instituto
Histórico e Geográfico, ambos de Montes Claros e autora do livro “Segurando a
Hiperatividade”
Adorei.
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