quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

A decantada promiscuidade dos homossexuais

* Por Mara Narciso

Na Grécia antiga, o exercício da homossexualidade era prática comum entre os soldados espartanos. Homens fortes e corajosos formavam casais, e com isso podiam mostrar um amor maior, como também ampliar a vontade de lutar e vencer. Não existia a imagem do homem afeminado, e nem havia preconceito contra esse comportamento, até estimulado pela cultura da época, para quem ficava anos nos campos de batalha.

Numa situação de guerrilha, noutros lugares e em tempos modernos, a homossexualidade também pode “estar difundida e aceita tacitamente”, escreve Asne Seierstad, jornalista norueguesa, em seu livro “O Livreiro de Cabul”, de 2002, na página 286. É o caso do sul e leste do Afeganistão, regiões do país nas quais os comandantes de guerrilha têm amantes jovens que são vistos com olhos delineados a lápis e com atitudes saltitantes como os travestis ocidentais. “Olham, flertam e rebolam os quadris”, fala Asne. E continua: “Os meninos muitas vezes se enfeitam com flores na cabeça, atrás da orelha ou na lapela. São vistos de mãos dadas, juntinhos, lançando sorrisos sedutores para os homens”.  A segregação por gênero é extrema nestas regiões do país, nas quais homens separados das mulheres, explicam o fato, debaixo dos olhos do Alcorão, e até do Talibã. Para as mulheres existem as burcas.

Os homossexuais, de um modo geral, mundo afora, têm a fama de ser volúveis e de não se fixar em parceiro algum. É ideia corrente de que sejam adeptos do sexo casual, ficando com qualquer um a cada saída. É comum a impressão de que sofram de hiperssexualidade e de que estão predispostos ao sexo a qualquer momento. A idealização, no imaginário popular, de que haja encontro carnal promíscuo com parceiros variados agrava o preconceito contra esse grupo da população. Gente bem informada persiste pensando assim, enquanto estranhamente vê, em todo território nacional, levas de casamentos coletivos de bom número de casais homossexuais, que moram juntos há algum tempo e querem regularizar sua situação civil. De onde veio tanta gente em relacionamento estável?

Ora, os fatos estão contradizendo a linguagem corrente. O casamento entre pessoas do mesmo sexo não chegou para incomodar ninguém, e nem para fazer apologia à homossexualidade. Apenas vem mostrar a existência de muitos casais estáveis formados por pessoas do mesmo sexo, que se amam, estão debaixo do mesmo teto e querem oficializar o fato. Não houve aumento da população homossexual. Apenas esta população deixou definitivamente a sombra, o submundo, o gueto da imunda segregação e mostra a sua cara. Afinal, os gays são promíscuos, ou, agora que podem, são pessoas que se apaixonam, amam e constituem família?

A oficialização deste tipo de casamento vem para mostrar que o diferente não é raro, e nem é tão diferente. Quem ama quer ficar junto, quer estabilidade, quer segurança. O sexo casual não é escolha, é contingência. Quem consegue se apaixona, quem pode ama, e quem ama, quer um relacionamento duradouro, e não uma chuva de verão. Muitos querem se apaixonar, e os apaixonados querem aconchego, colo, estabilidade e respeito. Que esses casamentos sejam amorosos e eternos. O amor agradece.

*Médica endocrinologista, jornalista profissional, membro da Academia Feminina de Letras e do Instituto Histórico e Geográfico, ambos de Montes Claros e autora do livro “Segurando a Hiperatividade”   

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