Sinto falta dela
* Por Mateus Modesto
Já estou com saudades. Há muito
tempo que não a vejo brilhar. Sabe, faz falta. Muita falta. Eu não gosto de
ficar dizendo isso, as pessoas sempre acham irrelevante essa coisa de nostalgia.
Principalmente os homens.
Eu a quero de volta! Mas não
tenho condições. Não por agora. Eu já passei muito tempo com ela. Ficava
olhando, sem piscar, acompanhando tudo. Dormia tarde da noite em sua companhia.
E ela ficava ali, sem desviar a atenção, sem me abandonar. Uma vez ouvi alguém
dizer: “Por que ele passa tanto tempo ligado nela?” Não sei dizer...
Eu costumava encontrá-la apenas
pela tarde. Às vezes nem de tarde a encontrava. Sabia que estava ali, mas não
dava a atenção necessária. Não que eu não a quisesse, mas, sabe como é:
estudar, trabalhar, sair com amigos também, que ninguém é de ferro! Mas ela não
se incomodava. Parecia a Amélia... Desprezava-a em alguns momentos. Eu estava
sem fazer nada, mas não ligava. Segurava-me, posando de machão. "Não, não
a quero, sou mais forte que esse sentimento bobo. Isso é para mulher... eu não
preciso tanto dela assim..."
Mas agora sinto falta. Logo
agora, que estou sem trabalhar, sem estudar. E sem dinheiro. Só rindo para não
chorar... – acho que nem rindo eu não consigo não chorar. Faz um mês sem a
companhia dela. Eu ria com ela; chorava vendo-a. Quando ficava entediado,
mudava para ver se não era comigo. Mas, às vezes, era melhor deixá-la de lado:
chateado não rola nada. Nada mesmo!
Mas essa semana eu a levo no
conserto. Nem que seja nos braços! Tenho que ajeitar logo a minha televisão!
Não agüento tanto silêncio em
casa. O computador está pirando minha cabeça...
* Jornalista
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