segunda-feira, 17 de março de 2014

Deslocamentos líricos

* Por Celeste Fontana

Ser poeta

É cavalgar o espaço nas asas da águia

Escancarar a alma e ser coração

É sonhar o absurdo, superlativo do amor

Vaguear por céus e abismos

Olhar-se no espelho e ser quem não é

É tecer trilhas mentais e ir

Ir além...



Ser poeta é ser confins e superfície

É orbitar Netuno e a lua

Dos pássaros roubar as asas e o vôo

Subir os cumes e enxergar os vales

Delirar-se com figos dourados

E sentir na boca o gosto do sol



Ser poeta é amar o mar e amar

Se embriagar das gotas de estrelas

E beber o aroma das tardes

Alcançar a cor das borboletas

E sorver da vida o mel e o fel



Ser poeta é se vestir de poesia

E ter arrebóis de loucura

É viver a vertigem da aurora

E espreitar a morte em vida

E quando o tempo termina

Sentir o efêmero

E o contrário eterno



Ser poeta é ser a própria poesia

E ser o fio da dor que o finda



* Poetisa

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