domingo, 2 de fevereiro de 2014

Instruções de uso

* Por Flora Figueiredo

O coração do poeta tem bordas flácidas.
Ele derrama, vaza, descamba.
O coração do poeta tem a perna bamba.
Constituição frágil e congênita.
Não adianta querer vitaminá-lo,
pois seu tônus se refaz
nos frêmitos das chegadas e dos abandonos.
O melhor é deixar-se amar e,
se possível, não deixar de amá-lo.

In Amor a Céu Aberto, 1992

Poetisa, cronista, compositora e tradutora, autora de “O trem que traz a noite”, “Chão de vento”, “Calçada de verão”, “Limão Rosa”, “Amor a céu aberto” e “Florescência”; rima, ritmo e bom-humor são características da sua poesia. Deixa evidente sua intimidade com o mundo, abraçando o cotidiano com vitalidade e graça - às vezes romântica, às vezes irreverente e turbulenta. Sempre dentro de uma linguagem concisa e simples, plena de sutileza verbal, seus poemas são como um mergulho profundo nas águas da vida.


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