Instruções de uso
* Por
Flora Figueiredo
O coração do poeta tem bordas flácidas.
Ele derrama, vaza, descamba.
O coração do poeta tem a perna bamba.
Constituição frágil e congênita.
Não adianta querer vitaminá-lo,
pois seu tônus se refaz
nos frêmitos das chegadas e dos abandonos.
O melhor é deixar-se amar e,
se possível, não deixar de amá-lo.
In Amor a Céu Aberto, 1992
Poetisa, cronista,
compositora e tradutora, autora de “O trem que traz a noite”, “Chão de vento”,
“Calçada de verão”, “Limão Rosa”, “Amor a céu aberto” e “Florescência”; rima,
ritmo e bom-humor são características da sua poesia. Deixa evidente sua
intimidade com o mundo, abraçando o cotidiano com vitalidade e graça - às vezes
romântica, às vezes irreverente e turbulenta. Sempre dentro de uma linguagem
concisa e simples, plena de sutileza verbal, seus poemas são como um mergulho
profundo nas águas da vida.
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