O Recife na MPB
* Renato
Phaelante da Câmara
Situada no litoral do
Nordeste brasileiro, a cidade do Recife, cujo nome de origem árabe,
"arçif" significa "calçada, caminho pavimentado, dique, paredão,
cais", é sem dúvida, uma das belezas geográficas de maior atração para o
visitante que dela se aproxima por mar, terra ou ar.
Possuindo, atualmente,
cerca de um milhão e meio de habitantes, o Recife é dono de uma característica
ímpar no cenário brasileiro, sendo formado por ilhas: ilha do Recife, ilha de
Santo Antônio e ilha da Boa Vista, contando com, aproximadamente, 135 pontes de
acesso ao centro e aos bairros periféricos.
Surgido de uma aldeia
de pescadores e mareantes, registrada no Foral de Olinda de 12 de março de
1537, passou à condição de vila em 19 de novembro de 1709 e veio a se tornar
capital do Estado de Pernambuco, a 15 de fevereiro de 1827.
Recife, a qual
estrangeiros de diversas procedências tentaram conquistar, mas foram
conquistados pela sua beleza e pela alma nativa, alegre, festiva, generosa e
altiva do seu povo, tem sido fonte transbordante de inspiração para poetas,
prosadores, pintores, escritores, animadores culturais e compositores musicais.
São inúmeros os
movimentos libertários de repercussão nacional, nascidos no Recife. As batalhas
contra os holandeses, a luta pela independência do jugo português, pela
abolição da escravatura, pela República.
O Recife é o berço da
literatura brasileira. Recife de velhos sobrados, guardando solenemente sua
memória heróica, suas Igrejas seculares, sua beleza natural, suas praias, seus
coqueiros, seus rios, suas frutas tropicais, sua cozinha típica, seu
artesanato, seu carnaval com ritmo, música e coreografia próprios: os frevos de
rua, de bloco e canção; seu maracatu, herança africana, tão representativo de
um povo. Recife e seus tipos populares, seus valentões, heróis anônimos do
cotidiano da cidade no passado; Recife dos trovadores e seresteiros, dos
pregões e das loas melódicas dos antigos carregadores de piano.
É esse o Recife que se
pretende resgatar aqui, o dos poetas da cidade, do Nordeste e do Brasil inteiro
- alguns meros visitantes, outros que nela viveram, alguns ainda, atraídos pelo
feitiço marcante da "Veneza Brasileira", da "Metrópole do
Nordeste", da "Capital das Pontes e dos Rios", da "Cidade
Lendária" - que a cantaram na poesia de suas músicas.
Fonte: RECIFE, UM TEMA
NA DISCOGRAFIA DA MPB. Renato Phaelante da Câmara. Fundação Joaquim Nabuco,
Instituto de Pesquisas Sociais, Departamento de Antropologia, Coordenadoria de
Estudos Folclóricos, Recife, 1997.
* Ator,
pesquisador, produtor de rádio e televisão e compositor.
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