Cenas de um casamento e amor
* Por
Eduardo Oliveira Freire
Dois filmes me fizeram pensar sobre o casamento e o amor.
Assisti Cenas de
um Casamento de Ingmar Bergman e ouvi uma frase muito interessante dos personagens... "
Somos analfabetos emocionais, nos ensinam matemática, fórmulas e modos de
agricultura e não nos ensinam a compreender a alma humana.". Não sou
cinéfilo, mas gosto da abordagem do personagem a mostrar a obscuridade que
existe nas pessoas e como elas tentam esconder, ficando na superfície e
representando terem uma vida feliz. Lembrei-me de Persona do mesmo cineasta.
Há dez anos Johan e Marianne são casados e aparentam possuir sucesso em
suas carreiras. Com as duas filhas, eles levam uma vida confortável. Mas, na
realidade, não vivem o verdadeiro sentimento do casamento, parecem que brincam
de bonecas. Até que, um dia, Johan se separa de Marianne e o castelo de areia
se desfaz. Eles se ainda se gostam, mas o cotidiano enfadonho e o desgaste de
desempenhar um bom papel de casal feliz perante aos outros corrói a relação
deles.
O filme é dividido por capítulos e teve um que me chamou a atenção.
Marianne é advogada e atendeu uma senhora que queria se divorciar, mesmo o
marido sendo bom com ela. O motivo de pedir o divórcio é que ela nunca amou o
esposo e nem os filhos, apesar de desempenhar bem o papel de dona de casa e
mão.
Enfim, é uma história que faz uma crítica a Instituição do casamente e
como as pessoas se prendem a aparência, não se importando com a própria
individualidade. Levam a vida como marionetes.
Ontem, assisti Amor de
Michael Haneke que
narra a história de Georges (Jean-Louis Trintignant) e Anne (Emmanuelle Riva) é
um casal de aposentados, têm uma filha que vive com a família fora do país.
Anne sofre um derrame e fica com um lado do corpo paralisado. O casal de idosos
passa por dificuldades, que colocarão o seu amor à prova.
Amor é belo, mas não há sentimentalismo e nem uma trilha sonora que
provoca choro. Pelo contrário, não há música. Mostra a nudez e a crueza de uma
doença degenerativa. Mas, mesmo com a adversidade, o casal vive o verdadeiro
amor, o qual cabe todos os outros amores.
Na verdade, Georges e Anne viveram a plenitude do casamento, passaram
pela fase da sedução, sexo, cotidiano, filho e a velhice. O amor entre eles foi
se transformando em amizade, fraternidade e maternal e paternal. Mesmo com a
doença de Anne, Georges continuava a amá-la. Eles eram um só.
Enfim, os dois filmes servem como ótimas reflexões sobre como queremos
viver e nos relacionar. Dão um pequeno panorama sobre o casamento.
* Formado em Ciências Sociais, especialização
em Jornalismo cultural e aspirante a escritor
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