Falsas alegrias de Ano Novo
* Por Adede y Castro
Tudo bem que eu sou um
chato, mas não consigo entender os motivos de tanta alegria nas festas de fim
de ano e ano novo. Vejo gente que aparenta ser “séria” bêbada como um gambá,
agindo das formas mais inconvenientes possíveis, tais como vomitar no tapete da
sala do amigo ou urinar no jardim, à vista de todos, como se isto fosse a coisa
mais natural do mundo.
No outro dia ele não se
lembra de nada, nem mesmo do vexame de beijar a sogra na boca e declarar amor
eterno ao cunhado que lhe deve todas “eu te amo, cara!”.
Algumas pessoas comem
tudo que não podem, ficam doentes, gastam o que têm e o que não têm, levando
cinco meses do ano seguinte para quitar as dívidas.
Entendo que a
organização do tempo em dias com 24 horas, o mês com 30 dias e o ano com 365
dias é uma forma interessante de marcar fases, períodos de nossa vida, e nos
auxiliar a nos organizar, fixar metas e medi-las, o que é muito importante e
necessário, mas o mundo não acabou em 2012, como estava previsto, e não acabará
tão cedo.
Ouvi falar que os cientistas
do século 21, não mais precisos que o calendário maia que acabou sendo um
fiasco, preveem o fim do mundo para daqui a quatro mil anos. Ou seriam quatro
milhões de anos? Não importa, porque é “provável” que nenhum de nós esteja vivo
para assistir! Assim, eu proponho que deixemos nossos quatro-mil-anos-netos (é
assim que se diz?) se preocuparem com isto.
É evidente que as
festas de fim de ano, com um consumo absurdo de álcool e outras drogas, em nome
da alegria “feliz ano novo, querida” são uma manifestação falsa, despropositada
e exagerada. Vamos comemorar com moderação, tomar alguma coisa mais forte que
um refrigerante e comer algumas coisas “proibidas” pelos médicos, mas sem
exagero. Vamos abraçar os verdadeiros amigos e, se estivermos sóbrios e realmente
arrependidos das maldades que fizemos aos outros e interessados de verdade em
perdoar aos nossos devedores, vamos abraçar a todos e chorar pelo ano velho que
morre e pelo ano novo que nasce.
Não pague tanto mico,
não vomite na calçada, não passe a primeira semana no banheiro ou no hospital,
não vire a cara para aquele inimigo que você abraçou na virada do ano chorando
e chamando de “meu irmão, sabe que eu te amo?”, declare seu amor verdadeiro
pela mulher ou homem que realmente lhe interessa.
A vida prossegue, com
ou sem calendário maia, com ou sem virada de ano, e isto é muito bom, pois a
continuidade é que nos revigora, e não as falsas alegrias.
* Historiador
Nenhum comentário:
Postar um comentário