Pílulas literárias 183
* Por
Eduardo Oliveira Freire
EDUARDO LÚCIO
Tudo que acontecia com ele, compartilhava nas redes sociais. Havia casos que tinha até barraco com ex-namoradas e colegas. No início, publicava para desabafar, mas ficou obsessivo. Até sua intimidade fisiológica comunicava nas redes.
Um belo dia, ao chegar a sua casa, foi para o quarto. Deitou
na cama e olhou para o teto. Sentiu-se tão bem por não fazer nada que, pela
primeira vez, não teve vontade de repartir esse momento com ninguém.
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EU
Chego a minha casa, Laura diz que precisamos conversar, sento-me a sua frente. De repente, vejo tudo turvo. Laura deseja outra reforma na casa, mas estou quebrado e desempregado. Agora, atravesso um túnel e vejo uma luz. Encontro o Paraíso e quero ficar por aqui, longe do olhar dos outros. Chega de representar, a partir deste momento, serei Eu.
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SERÁ NOSSO SEGREDINHO
A avó sempre dizia isso para Antônio, que se sentia angustiado por esconder algo dos pais. O tempo passou e a avó faleceu. O menino, já um rapaz, continuava com a sensação de culpa, mesmo não se recordando o que era o segredo. As lembranças eram turvas.
Um dia, quando uma tia com o filho pequeno foi a sua casa,
teve a revelação. O garoto era diabético que nem a avó e, escondido de todos,
comeu uma barra comum de chocolate. Quando viu Antônio, pediu segredo. O rapaz
lembrou-se que a avó lhe pedia a mesma coisa.
Contou tudo para família, libertando-se.
* Formado em Ciências Sociais, especialização
em Jornalismo cultural e aspirante a escritor
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