Seu destino é agora
* Por
Evelyne Furtado
As lágrimas molhavam
seu rosto. Não sentia vergonha de chorar na frente dele. Homem não gosta de
mulher chorando, diziam. Ela não ligava para isso.
-Não chore por favor! –
Ele fala ao acariciar seu rosto.
O gesto tem efeito
oposto ao que ele desejou. Ela encosta a cabeça no peito dele. Sente o conforto
daquele corpo quente e desanda a chorar, como se houvesse rompido um cano lá
dentro do seu coração e toda a água estivesse inundando seus olhos escuros e
tristes.
Ela tem certeza que o
ama e o quer. Ele diz que a ama, que a quer, mas que não pode ficar ainda. Ela
sente o medo de perdê-lo e recua, como se ao sair de perto do homem amado
preservasse ao menos a sua dignidade. Acusa-o de fazê-la sofrer. Ele pede
calma. Diz que ela sabe que não é assim. Repete que a ama e se aproxima com
cuidado;
Atrás dela o abismo do
abandono; à frente o homem amado dizendo não poder ficar ainda. A dor e o medo
confundem-se com o amor. Ela teme olhar para trás. Ele toca seu ombro. Ela se
chega devagarzinho. Levanta a cabeça e encontra o rosto bonito e amado. Olha-o
nos olhos e vai perdendo as forças.
Abraçam-se. Ele beija
seus olhos ainda úmidos;
-Ah, eu te amo muito –
ele diz ao seu ouvido.
É a rendição final. No
momento ela esquece o que a levou a chorar. Não pensa no amanhã. Só há um
destino possível: entregar-se ao seu homem. Recebê-lo em seu íntimo. Seu
destino é amá-lo e fazê-lo feliz. Seu destino é, agora, ser feliz.
* Poetisa
e cronista de Natal/RN
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