E agora, Maria?
* Por
Clóvis Campêlo
Tudo parecia pronto
para uma tarde festiva e vitoriosa, quando Maria, a colombiana, apareceu na
sala vestindo uma camiseta vermelha, destoando da predominância amarela que ali
se instalara. Talvez um descuido, talvez um ato falho, mas a situação gerou
muitas brincadeiras e desafios.
Começa a peleja e logo
a seleção brasileira faz um a zero, num gol meio malassombrado de David Luiz.
Logo, no entanto, manifesta-se na Canarinha a síndrome da bunda na parede.
Tentamos garantir o placar minguado na defensiva, esquecendo que a melhor
defesa sempre é o ataque. Como se já não bastasse jogarmos com dois volantes
pouco criativos (Luís Gustavo e Fernandinho, que não repetiu a atuação do jogo
anterior contra camarões), temos um meia, Oscar, sumido no jogo e esquecido em
campo. O Chile empata, numa bobeira de Hulk (logo ele, o super-herói
brasileiro!) e ficamos com a impressão de que o nosso escrete sentiu a porrada.
Começa a pressão em cima de Maria, a colombiana, para que trocasse a camiseta
vermelha por outra amarela. Maria sucumbe à pressão brasileira e faz a troca,
mas a nossa seleção parece não ter entendido os anseios da torcida e continua
mal na partida. Termina o primeiro tempo com um certo alívio para nós,
brasileiros. Volta a esperança de que, na segunda etapa, Felipão (como se ele
fosse um grande estrategista!) acerte os ponteiros da seleção e consigamos
praticar um futebol digno de pentacampeões.
Porém, recomeça o jogo
e, apesar da camisa amarela de Maria, a colombiana, e do suposto esporro de
Scollari, continuamos mal em campo. Aumenta a pressão chilena. Parece que o
nosso meio campo desaprendeu de vez a jogar. Não funciona e a todo momento
tentamos a chamada ligação direta da defesa para o ataque. Isolado, lá na
frente, Fred pouco ou nada consegue fazer. Recuado para buscar jogo e marcado
até com uma certa deslealdade, Neymar Jr. não produz. Somos muito mais um amontoado
de jogadores em busca desesperadamente do gol do que um time coeso e praticante
de um futebol coletivo. Assim se encerra o tempo regulamentar e vem a
prorrogação. Nela, escapamos milagrosamente da derrota com uma bola na trave no
finalzinho da segunda etapa. Na cobrança dos pênaltis, porém, a nossa redenção.
Júlio César se impõe e defende dois. Neymar Jr. converte a última cobrança e
nos classifica para as quartas-de-finais. A emoção acumulada aflora de vez e
muitos não conseguem conter o choro. Escapamos por pouco.
Séria, Maria, a
colombiana, a tudo assiste. Na sequência da tarde, vê a Colômbia derrotar o
Uruguai com uma exibição de gala de Cuadrado e James Rodriguez. Com a
classificação inédita, a Colômbia será a nossa adversária nas
quartas-de-finais.
E agora, Maria?
* Poeta,
jornalista e radialista, blogs:
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