Agentes e Testemunhas
O tempo é o maior capital de que dispomos, embora
poucos se dêem conta dessa verdade e o desperdicem de maneira tola e insensata,
como se tivessem diante de si a eternidade. Desconhecemos sua quantidade e
ainda assim gastamos perdulariamente, indevidamente, estupidamente esse
precioso e irrecuperável recurso.
Tanto podemos ter à nossa frente um dia, algumas
horas, alguns escassos minutos ou segundos, quanto uma centena de anos, ou
mais, antes que deixemos a vida e mergulhemos no desconhecido e no mistério.
Somos, sobretudo, testemunhas de uma era, aquela em que nos foi dada a chance
de viver, sobre a qual (pelo menos teoricamente), reunimos condições de influir
e com a qual tudo o que nos diga respeito ser associado.
Cada gesto de amor ou de ódio, cada atitude de
solidariedade ou de egoísmo, cada ato de construção ou de destruição, contam
muito. Compõem a nossa biografia e justificam (ou não) a nossa trajetória
vital. Ninguém veio a este mundo por acaso. Mas nossa finalidade não nos é
revelada por ninguém. Compete-nos descobri-la e realizá-la.
Podemos ser lembrados num futuro distante como
santos ou como demônios; como sábios ou como tolos ou então ser esquecidos para
sempre, como se jamais tivéssemos existido. Isto vai depender, em grande
medida, de nós e das circunstâncias que tivermos (que alguns chamam de destino
e outros de acaso).
Um texto descomprometido que façamos e divulguemos
pode ser decisivo na forma com que passaremos para a história (senão da
humanidade, pelo menos da comunidade a que servimos ou somente da nossa
família).
Alguns conseguem realizar em vida aquilo a que se
propuseram, porque se empenharam, buscaram as oportunidades e as aproveitaram.
Outros, limitam-se a sonhar e sequer tentam fazer o mínimo esforço para que
seus sonhos se façam concretos e se transformem em atos. Jamais se tornam
concretos.
Tudo o que fazem é procurar a mera satisfação dos
sentidos, e mesmo assim de forma desregrada e imprudente. Há um outro grupo
ainda, que é o daqueles que obtêm a cumplicidade alheia para suas idéias e
projetos. E realizam seus propósitos através de terceiros. São os gênios da
espécie, os grandes semeadores.
O escritor Paul Valéry observa que "o valor das
obras de um homem não está nas obras, mas em seu desenvolvimento pelas mãos dos
outros, em outras circunstâncias". São estes que garantem a eternidade da
memória. São estes que administram com eficácia e sabedoria seu grande capital,
o tempo. São estes que têm participação ativa na vida mesmo após a morte.
Boa leitura.
O Editor
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