Ajuda bem
vinda
* Por
Ana Deliberador
Joaquim Maria era um
homem alto, bem apessoado; usava só terno de linho claro, que contrastava com a
sua pele muito negra. Era um rapagão.
Da boa paz, tinha um
ótimo coração. Mas, quando bebia…
Com o passar dos anos
a bebida foi acabando com ele, física e mentalmente. Vivia de pequenos biscates
e da caridade do amigo que o trouxera para ali.
Tornou-se uma figura
impressionante! A pele maltratada, corpo
alto envergado, nariz cada vez mais adunco, uma tosse que era ouvida de longe,
voz enrouquecida, arrastando os pés como se não agüentasse o peso do próprio
corpo, cérebro destruído.
Os ternos de linho de
outrora deram lugar a andrajos. E, como se tudo isso não bastasse, trazia nos
ombros, sempre, um machado.
Naquele dia Dona Anita
estava trabalhando, no cartório, quando chegaram dois estranhos. Conversa vai, conversa vem, logo
estabeleceu-se uma discussão acalorada. As vozes subindo o tom cada vez mais.
Eles queriam que o
cartório lavrasse uma escritura de terras do Mato Grosso, o que não era
possível.
Dona Anita, sozinha,
já não sabia mais o que fazer quando, de repente, surgiu na porta de entrada
aquela figura surreal.
Joaquim parou bem
embaixo do batente da estreita porta, tirou o machado do ombro, bateu com força
no chão e disse:
– Tá acontecendo
arguma coisa puraqui, Donanita?
Os trambiqueiros
voaram porta afora e nunca mais se ouviu falar deles!
* Professora, pintora e escritora
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