Pílulas literárias 205
* Por
Eduardo Oliveira Freire
SORTE
Estava no ônibus e
senti alguma coisa no meu casaco. Pensei que era barata, mas era mariposa.
Minha prima me disse que ela significava sorte, logo, levei-a até minha casa e
quando a coloquei no pequeno jardim, ela voou rumo à escuridão da noite. Bem,
não sei se terei sorte, porém, o encontro foi proveitoso, pois saí um pouco do
umbigo da minha humanidade e viajei para outras realidades mais antigas.
DESAPARECIDO
Um dia, tornou-se
aparecido. Mas, a vida que havia deixado para trás desapareceu. Perdido, voltou
a desaparecer, descobrindo-se desaparecido por natureza.
***
VOVÓ
Amava a neta e achava
um absurdo os pais da menina a proibirem de comer doces. A garota adorava a maçã
do amor e a senhora comprava escondido para ela. Com o passar dos anos, a
mocinha tornou-se que nem a avó... Diabética.
AMANTES E INIMIGOS
Quanto mais se
odiavam, sentiam forte atração. Machucavam-se e ao mesmo tempo se devoravam. Um
dia, perceberam que o ódio e o desejo se esvaíram de seus corpos.
Despediram-se.
***
ESTRELA
A luz que vem de fora
incide na grade da janela, projetando sua sombra. De repente, vejo uma estrela
que ilumina minha escuridão.
NÃO PENSADO
Mesmo sentindo desejo
de beber o reflexo da lua, o orgulho de ser um ser racional falou mais alto.
Então tirou uma foto malfeita do seu celular.
***
LOBO
Ele a vê várias vezes
e se faz lobo em sua imaginação, bebendo o reflexo da lua com gozo sentido e
não pensado.
*
Formado em Ciências Sociais, especialização em Jornalismo cultural e aspirante
a escritor - http://cronicas-ideias.blogspot.com.br/
Preferi a pílula "Sorte".
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