Amante da liberdade
* Por
Adelcir Oliveira
Regresso. Apenas faço
isto. E flerto. Não com alguma mulher, senão com algum tom mais poético. Sou
levado por um destes novos coletivos. Muito confortáveis e bonitos. Falta
apenas ar-condicionado que traga alívio ao calor em dias quentes. Vão comigo
algumas pessoas as quais não conheço. Somos estranhos uns aos outros. Muito
provavelmente ninguém gostaria de trocar uma palavra que fosse com qualquer um
presente. Eu sou um deles. Faz tempo perdi a paciência para papo furado.
Prefiro o silêncio tanto meu quanto alheio. Por favor.
A temperatura nesta
cidade varia tanto quanto os humores. Mas quanto a isto há uma diferença: a da
previsibilidade. Nós humanos, meramente humanos, somos assim bastante
imprevisíveis. E isto é ainda mais corriqueiro nas pessoas que são um pote até
aqui de emoções. Falo e sei o que digo. Vivo e vivencio a mim mesmo. Refiro-me
sobretudo a um passado cuja distância de pouco importa. Hoje, em termos
emotivos, tudo segue mais reto.Que bom. Até quando.
Voltando ao tempo, ao
clima. Um tanto frio, mas nem tanto. Bares que vejo pelas ruas que o ônibus
passa, da janela, estão cheios. Se a noite estivesse quente como em breve
estará, como ontem esteve, mais copos teriam espaços preenchidos pelo líquido destilado.
Depois, muitos devidamente alcoolizados, guiariam indevidamente seus veículos.
Não que não haja lei. Lei há. Mas não é para todos. É que estamos em uma
democracia bastante imperfeita. Parece até um fingimento democrático que se dá
no Brasil. Não à toa grupo sai às ruas e
quebra o público e o privado. É a vingança autoritária contra a falsa
democracia. É preço pago. Consequência. A violência contra a população pobre é maior. Deveras maior. Que
fazer? Quebrar tudo?
Se o ônibus passeia
por diversas ruas, eu passeio por diversos temas. E misturo. Escrevo. Divago.
Como quero. Como gosto. Pode me chamar de amante. Refiro-me à liberdade. Esta
que tanto amo. E tanto nos falta. Tolo aquele que poda ainda mais sua
liberdade, o que resta dela. Eu já o fiz. E escapei. Pela porta da frente. E
saí para a rua. Para a vida. E assim, agora em diante, sigo e seguirei. Errei?
Não, aprendi. E nessa aula que a vida me deu aprendi sobretudo a meu respeito,
não importando se meu "eu" é fictício ou não. Que seja. E assim for.
Aprendamos sobre nosso personagem. A vida ficará mais tranquila deste modo.
• Blogueiro e corretor de imóveis
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