sexta-feira, 10 de abril de 2015

Pílulas literárias 203

* Por Eduardo Oliveira Freire


INVERNO

Em dias frios, ele abre o chuveiro. A água quente envolve seu corpo trêmulo. Sente um certo conforto, mas o vento que passa entre as brechas do basculante, as paredes e o piso não o fazem esquecer do inverno. Quer continuar a sentir a água quente, mas o chuveiro elétrico começa soltar fumaça e a exalar cheiro de queimado. Fecha o chuveiro e espera esfriar. Depois abre um pouco. Só assim que a água esquenta. Nos dias de inverno, sempre faz a mesma coisa. É uma rotina...

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QUERIA

Roberto queria só ser substantivo, não queria ter adjetivo. Com o passar do tempo, morreu infeliz. Descobriu que não tinha jeito. Era mais um substantivo que tinha adjetivo.

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"NÃO SEI QUANDO ME PERDI"

Pensava sozinho. Sempre estava só. Os outros achavam que era meio louco. "Sou só porque me abandonei. Esse é o pior tipo de abandono". Tempos idos. Olha a rua, tenta procurar resquícios... Deseja dormir um sono tranqüilo. O vento balança a mangueira, as mangas maduras caem no chão. Crianças correm pela vila. Mais um dia que sobrevive na casa antiga e cinzenta.

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- AMA-ME OU ME DEIXE

Ele a deixou, mas continuou a amá-la até o fim da vida.

* Formado em Ciências Sociais, especialização em Jornalismo cultural e aspirante a escritor - http://cronicas-ideias.blogspot.com.br/




Um comentário:

  1. Em relação ao último texto, sei o que isso significa. E como queima de dor!

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