A
galera de Cleópatra
* Por
Alberto de Oliveira
Rio
abaixo lá vai, de proa ao sol do Egito,
A
galera real. Cinquenta remos lestos
Impelem-na.
O verão faz rutilar, ao estos
Da
luz, de um céu de cobre o horizonte infinito.
Pesa,
abafado e quente, o ar circunstante. Uns restos
De
templo ora se veem, lembrando extinto rito;
E
inda um pilono erguido, e a esfinge de granito,
De
empoeirado cariz e taciturnos gestos.
De
quando em quando à flor do Nilo se destaca,
D’água
morna emergindo, a escama de um facaca;
O
íbis branco revoa entre os juncais. Entanto,
Numa
sorte de ãos, Cleópatra procura
Su’alma
distrair, prestando ouvido ao canto
Que
a escrava Carmion tristemente murmura.
*
Poeta,
professor e farmacêutico, membro da Academia Brasileira de Letras.
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