Lula,
Ciro, Manuela: legítimos
* Por
Luciano Siqueira
O
fato novo é o lançamento da pré-candidatura da deputada Manuela
D'Ávila à presidência da República, pelo PCdoB.
Lula,
pelo PT e Ciro Gomes, pelo PDT, já ostentam essa condição há
algum tempo.
A
decisão do PCdoB, tomada no último fim de semana, tem ampla
repercussão. Em geral, positiva. Mas enseja também incompreensões
ou mesmo comentários tendenciosos.
Os
que combatem Lula e o PT, entre eles colunistas de diversas mídias,
se apressam em celebrar o que chamam de "ruptura" entre
aliados históricos, os comunistas e os petistas. Como se a aliança
que de fato perdura entre os dois partidos desde 1989, quando da
primeira candidatura de Lula, implicasse necessariamente o apoio
imediato e incondicional do PCdoB ao PT, sempre.
Se
assim fosse, o velho e sempre renovado Partido Comunista do Brasil,
há 95 anos presente na cena política nacional, estaria abrindo mão
de sua própria identidade e de sua autonomia.
Aliança
comporta convergência de propósitos e lealdade, mas jamais renúncia
a projetos próprios.
Em
especial na atual fase dos preparativos para o pleito de 2018, quando
se faz necessária a explicitação, de modo claro e sistêmico, das
ideias e proposições de cada partido, tanto quanto o PT com Lula e
o PDT, com Ciro, o PCdoB tem toda a legitimidade para apresentar
Manuela.
Ruptura?
Jamais! Sobretudo porque o diálogo entre esses três partidos do
campo popular e democrático segue na busca da convergência em torno
de questões centrais — como o papel do Estado nacional como
indutor do desenvolvimento, por exemplo —, preservando-se o
respeito às discrepâncias, que são naturais e compreensíveis.
Daqui
até as convenções partidárias, em agosto do ano vindouro, muita
água há de correr no leito do rio. E haverá tempo para se
verificar em que grau esses partidos, assim como outras legendas
progressistas, terão consolidado uma agenda comum e, quem sabe,
possam estar unidos já no primeiro turno. Ou não.
A
rigor, o instante decisivo para a unidade de todos, que o PCdoB
concebe como uma frente a mais ampla e plural possível, se dará no
segundo turno. O que não anula a hipótese de uma unidade no
primeiro.
Isto posto, a pré-candidatura de Manuela rigorosamente não é contra nenhum aliado, e sim em defesa da nação, da democracia e dos direitos do povo — expressão do conteúdo programático e tático do partido a que ela pertence.
Isto posto, a pré-candidatura de Manuela rigorosamente não é contra nenhum aliado, e sim em defesa da nação, da democracia e dos direitos do povo — expressão do conteúdo programático e tático do partido a que ela pertence.
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Médico, escritor e político
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