O campinho
* Por
José Danilo Rangel
No
bairro São Francisco,
havia muitos terrenos baldios,
mas nenhum campo de futebol,
muito espaço para ratos, baratas,
carapanãs e toda essa vida perniciosa,
mas nada para os jogos infantis.
Devia haver um campo,
havia muitos terrenos baldios,
mas nenhum campo de futebol,
muito espaço para ratos, baratas,
carapanãs e toda essa vida perniciosa,
mas nada para os jogos infantis.
Devia haver um campo,
e
por isso, aquela meninada se reuniu,
e pegou as enxadas dos pais,
e as puseram nos ombros,
e se puseram num terreno
que era apenas mato.
E eles não tinham raiva do prefeito,
e pegou as enxadas dos pais,
e as puseram nos ombros,
e se puseram num terreno
que era apenas mato.
E eles não tinham raiva do prefeito,
não
estavam nem aí para o Estado,
queriam um campo e por isso,
foram capinar.
Sábado e domingo,
queriam um campo e por isso,
foram capinar.
Sábado e domingo,
dias
e mais dias, período de férias da escola,
sob o Sol de Porto Velho, que não é mole,
os moradores do bairro viam
aqueles meninos, entre intrigas e acordos
fáceis, como só na infância o são,
aplicando golpes de enxada
e carregando mato e lixo,
E então, terreno limpo do mato,
sob o Sol de Porto Velho, que não é mole,
os moradores do bairro viam
aqueles meninos, entre intrigas e acordos
fáceis, como só na infância o são,
aplicando golpes de enxada
e carregando mato e lixo,
E então, terreno limpo do mato,
dos
vidros, das pedras grandes,
dos pneus, das latas, das garrafas de cerveja,
dos restos de móveis e de mais lixos:
havia muitos terrenos baldios
e um campo onde jogar bola
apostando tubaína.
dos pneus, das latas, das garrafas de cerveja,
dos restos de móveis e de mais lixos:
havia muitos terrenos baldios
e um campo onde jogar bola
apostando tubaína.
*
Poeta cearense residente em Porto Velho, Rondônia.
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