Da
purificação
* Por
Talis Andrade
Corre nua
na
chuva
nua
na noite
corre
sem parar
deixa
a água
escorrer
pelo
teu corpo
deixa
a água
escorrer
Corre
nua
meia-lua
meia-irmã
atravessa
a coluna
amarga
sem
olhar
para
trás
que
não se oferece
presentes
doces
sementes
de
romã
para
uma estátua
de
sal
Segue
em frente
em
algum abrigo
uma
mão estendida
um
portal amigo
a
lareira acesa
o
pão quentinho
o
suave vinho
o
lençol branco
do
mais puro linho
Segue
em frente
leva
contigo
esta
certeza
uma
cama partilhada
nunca
se faz estreita
Corre
nua
na
chuva
nua
na noite
corre
sem parar
deixa
a água escorrer
deixa
a água lavar os
pecados do mundo
*
Jornalista,
poeta, professor de Jornalismo e Relações Públicas e bacharel em
História. Trabalhou em vários dos grandes jornais do Nordeste, como
a sucursal pernambucana do “Diário da Noite”, “Jornal do
Comércio” (Recife), “Jornal da Semana” (Recife) e “A
República” (Natal). Tem 11 livros publicados, entre os quais o
recém-lançado “Cavalos da Miragem” (Editora Livro Rápido).
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