sábado, 5 de dezembro de 2015

Permita-me

* Por Flora Figueiredo

Aproxime-se mais.
Tente sentir do que um abraço é capaz.
Quando bem apertado,
ele ampara tristezas,
sustenta lágrimas,
combate incertezas,
põe a nostalgia de lado.

É até capaz de amenizar o medo.
Se for cheio de ternura,
ele guarda segredos
e jura cumplicidade.

Um abraço amigo de verdade
divide alegrias
e se apraz em comemorações.
Abraços são pequenas
orações de fé, de força e energia.
Olhe para o lado:
há sempre alguém que quer
ser abraçado
e não tem coragem de dizer.

Enlace-o.
O pior que pode acontecer
é ganhar de volta um sorriso
de carinho ou, quem sabe,
uma palavra sincera.
Você vai descobrir
que ninguém está sozinho
e que a vida pode ser
um eterno céu de Primavera.

* Poetisa, cronista, compositora e tradutora, autora de “O trem que traz a noite”, “Chão de vento”, “Calçada de verão”, “Limão Rosa”, “Amor a céu aberto” e “Florescência”; rima, ritmo e bom-humor são características da sua poesia. Deixa evidente sua intimidade com o mundo, abraçando o cotidiano com vitalidade e graça - às vezes romântica, às vezes irreverente e turbulenta. Sempre dentro de uma linguagem concisa e simples, plena de sutileza verbal, seus poemas são como um mergulho profundo nas águas da vida.


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