Thor, o cachorrinho desaparecido
* Por
Mara Narciso
Thor é um cachorrinho
comum, branquinho e da raça poodle. É bem “danado”, “um verdadeiro cão”, nas
palavras da sua dona Tia Clarice, porém, feliz como todo animal bem-amado. Ele
nasceu há um ano, no dia 30 de março de 2014, junto com dois irmãozinhos, Ana
Flor e Brad. Sua mãe Nikita mora com Tia Áurea, onde também permaneceu Ana
Flor, e Brad mora com Tia Marlene.
Na sua casa, no Bairro
Jardim Panorama, Thor tem espaço para correr em amplos quintal e jardim,
quadra, piscina, plantas e sol. Convive com criança, Heitor, neto de Tia
Clarice, e recebe toda a atenção. Quando ele sai correndo e a pessoa grita, ele
se apavora e corre mais, ficando desnorteado. Para ser atendido, a pessoa tem
de falar de forma carinhosa. Ele adora ser acariciado no pescoço e no corpinho,
próximo da junção das patinhas dianteiras. Tia Clarice viu a sua vida se
transformar com a chegada de Thor. Tornou-se mais feliz em conviver com esse
“terrível” cachorrinho, que é um grande companheiro, que não sai da casa, não
sabe andar pelo bairro, não sabe voltar.
No dia 5 de maio,
terça-feira, por volta das 11 h e 30 m, quando Cleuza abriu o portão para
receber a feira, Thor saiu, e ela não percebeu. Quando Tia Clarice chegou e
procurou por Thor, já estranhou não ter sido recebida por ele. Chamou, andou
pela casa, e nada. Ficou apavorada, quando entendeu que ele havia desaparecido.
Então, com Tia Marlene e Célio, deram um giro de carro pelo bairro e depois
percorreram uma parte a pé, chamando por ele em cada portão, a espera de um
latido. Não viram nem rastro.
Para a dona, foi como
se perdesse uma pessoa. Ficou em pânico só de imaginar a possibilidade de
maus-tratos ou atropelamento. Trocou idéias com aqueles que poderiam ajudar
através da internet. A família ficou em polvorosa e participou da busca através
do Whatsapp, Facebook e Instagran com sugestões e aflições compartilhadas.
Cláudia, filha de Tia Clarice, mostrou a foto de outro cachorro, para
substituição, mas ela nem cogitou. Claricinha, Sandra e Victor se empenharam
postando fotos e investigando.
O termo inconsolável é
referido quando somem cachorros. Pois aqui foi igual. Tia Clarice ligou para
todo mundo, e depois ficou praticamente de cama, num desalento total. Nem quis
receber os irmãos para rezar o terço, coisa que faz toda terça-feira. A espera
vai aumentando o desespero, pois a possibilidade do reencontro vai ficando
menor a cada hora.
Na noite desse mesmo
dia, Victor, também neto de Tia Clarice, soube através de um print enviado por
um amigo do Facebook, de que tinha sido encontrado um cachorrinho com as mesmas
características de Thor. Estava escrito assim: “encontrei esse anjinho perdido.
Quem é o dono?” Fez contato com o grupo por diversas vezes, comparou as fotos
que tinha e a que foi postada e achou que poderia ser o mesmo cachorro. Pediu à
moça para que falasse com sua avó via telefone. No dia seguinte, a troca de
informações entre Tia Clarice e quem o encontrou mostrou tratar-se sim, do
mesmo bichinho.
O cãozinho, quando foi
encontrado, estava próximo a Unimontes, e tinha descido toda a Rua Santa Lúcia.
Seguia uma bicicleta e quando ele se aproximava do homem que a guiava, este
dizia: sai cachorro. Maira Meira voltava da academia, e quando viu a cena,
deduziu tratar-se de um cachorro perdido. Pegou o animal, levou para casa e
postou a foto no Grupo de Animais Desaparecidos do Facebook.
Victor e Tia Clarice
decidiram ir ver o cachorro. A moça que o achou, também precisava ter certeza,
antes de entregá-lo. Marcaram o encontro para as 18 h e 15 m da quarta-feira,
ao lado da Igreja Sagrado Coração de Jesus, no mesmo bairro, próximo de onde
Thor tinha ficado o tempo todo.
Emocionante foi o
reencontro dos dois. Quando seus olhares se cruzaram, ocorreu um impacto
bilateral. Thor ficou estático, imóvel, mudo, assim como Tia Clarice que, de
súbito o pegou nos braços, apatetada, dura como pau, sem capacidade de falar
nada. A moça percebeu que, caso não fossem amigos, Thor não ficaria quietinho.
Após agradecimentos, somente depois de entrarem no carro, naquela emoção
paralisada, foi que o cachorrinho se mexeu. Foi então que mostrou alegria, como
bem sabem fazer os cães, latindo e lambendo a cara dela, já sem ele há mais de
36 horas. Thor foi encontrado limpo e alimentado (ainda que não conseguisse comer,
devido ao stress) graças à internet, e as pessoas de bom coração. Tratar mal os
animais é crime. Mas aqui, o final foi feliz.
*Foto tirada por
Victor, dentro do carro, logo depois do reencontro.
*Médica endocrinologista, jornalista
profissional, membro da Academia Feminina de Letras e do Instituto Histórico e
Geográfico, ambos de Montes Claros e autora do livro “Segurando a
Hiperatividade”
O Thor me faz lembrar meu Nick, também um poodle, só que pequeno, como se fosse de brinquedo, mas valente como ele só. Que falta que o meu cãozinho me faz! Bela narrativa, Mara. E com final feliz, o que é melhor.
ResponderExcluirÉ como sempre digo: ninguém é mais boa gente do que um cachorro. Não existe animal mais amoroso e companheiro. Seu relato me prendeu do início ao fim, Mara. Abraços!
ResponderExcluirAndo precisando de um cachorrinho. Thor salvou a minha tia. Feliz com isso. Obrigada amigos, pela atenção.
ResponderExcluir