O Morro da
Conceição
* Por
Clóvis Campêlo
Antes chamado Outeiro
de Bagnuolo, pertencia ao bairro de Casa Amarela, dele se desmembrando em 1988,
com a reestruturação político-administrativa do Recife.
Durante a segunda das
invasões holandesas do Brasil, o conde de Bagnuolo idealizou uma fortificação,
próxima ao local do antigo Arraial Velho do Bom Jesus, que não chegou a ser
construída.
Após a derrota dos
holandeses, o local passou a ser chamado Outeiro de Bagnuolo, em lembrança ao
seu nome.
Em 1900 recebeu a
denominação de Outeiro da Bela Vista.
Seu nome atual data de
1904, quando o bispo do Recife, Dom Luís Raimundo da Silva Brito, mandou erigir
no seu alto um monumento a Nossa Senhora da Conceição, que foi construído em
Portugal e ali erguido, em comemoração ao cinqüentenário do dogma da Imaculada
Conceição, sendo também erguida uma capela em estilo gótico e aberta uma
estrada para acesso ao local.
Em 8 de dezembro de
1904, com a inauguração do monumento, uma grande multidão acorreu ao local,
transformando-se em local de romaria e a data passou a ser feriado municipal.
Em 1906 foi construída
uma capela próxima ao monumento a Nossa Senhora da Conceição.
Desdobrando-se da
Paróquia do Bom Jesus do Arraial e sendo elevada a paróquia, foi construída
outra igreja, a igreja matriz, entre a antiga capela e a imagem de Nossa
Senhora da Conceição.
O local passou por
processo de urbanização. A área, que antes servia de local para a festa
profana, recebeu uma quadra poliesportiva e o terminal de ônibus ficou mais
próximo da Imagem da Conceição.
A Imagem de Nossa
Senhora da Conceição, vinda da França de navio em 1904, mede 5,5 metros de
altura e pesa 1806 kg. Representa Maria Santíssima, vestida de branco,
envolvida em um manto azul, de pé sobre o globo terrestre, com as mãos unidas
em oração e uma cobra sendo esmagada pelos pés, para simbolizar a passagem
bíblica do livro do Gênesis (3,15), quando Deus diz: "Porei inimizade
entre ti e a Mulher, entre a tua descendência e a dela. Tu lhe ferirás o
calcanhar e ela te esmagará a cabeça".
Tem sua face virada
para a nova igreja Matriz, construída em 2008, defronte da antiga capela do
início do século XX.
Em posição alta e
privilegiada, a imagem e a capela são vistas de várias partes do Recife.
Apesar da importância
que tem para o povo e a história recifense, o conjunto (imagem e capela) não é
tombado pelo Patrimônio Histórico.
Todos os anos, em 29
de novembro, é realizada a procissão da bandeira, que leva pequena imagem de
Nossa Senhora da Conceição e uma bandeira alusiva à mesma.
Quando o monumento
pertencia à paróquia do Bom Jesus do Arraial, a procissão saía sempre de sua
matriz.
Com a elevação a
paróquia, essa procissão passou a sair de pontos diferentes a cada ano.
É realizada uma
novena, que termina no dia 7 de dezembro.
No dia 8, são
celebradas missas, a partir das 12:00 horas da madrugada, culminando com outra
procissão, no final da tarde.
Até 1959 o pátio do
Morro da Conceição era palco de uma grande festa profana, com brinquedos
infantis e adultos, barracas com comidas típicas etc. Grande multidão acorria
ao local durante os dias que antecediam a festa da Conceição.
Com um acidente
ocorrido em 1959, quando houve correrias no local repleto de pessoas,
resultando em várias mortes e inúmeras pessoas acidentadas, o então pároco da
paróquia do Bom Jesus do Arraial, Monsenhor Teobaldo de Souza Rocha,
empenhou-se junto às autoridades para retirar do morro a festa profana.
Mudaram-se, então, os
festejos profanos para o pé do morro, na Avenida Norte e no Largo Dom Luís.
Até 1974 o Morro da
Conceição pertencia ao bairro de Casa Amarela. Com a reestruturação dos bairros
do Recife, foi elevado à categoria de bairro.
Pelo censo de 2000, do
IBGE o Morro da Conceição tem População: 10.142 habitantes, numa área de 40,9
hectares. Densidade: 248,15 hab./ha.
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Poeta, jornalista e radialista.
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