Intolerância contra a corrupção
*Por
José Calvino
Recentemente, alguns
colegas e amigos do bairro de Casa Amarela comentavam entre si:
- Se você estivesse
lá, não comia não? – disse um apelidado de vereador, em acordos com seus
amigos.
- Por isso fica
difícil reverter esse quadro e mudar o rumo do nosso país. Vocês são tolerantes
e a favor da corrupção. Ao meu ver, está existindo uma pequena mudança no nosso Brasil, no
tocante à intolerância contra a corrupção. Os escândalos que estamos assistindo
não são os primeiros e muitos de vocês indo na onda dos politiqueiros da pior
espécie, que querem pegar carona na crise – disse Azambujanra.
Amigos, concordo em
número, gênero e grau com o que meu amigo Azambujanra disse. Nos outros governos,
principalmente nas ditaduras Vargas, ou Estado Novo e Militar, os regimes eram
apoiados pelas classes médias e por amplos setores das burguesias e essas mesmas ditaduras regiam uma polícia que
agia segundo os regimes, não respeitando a cidadania da ingente maioria do povo
brasileiro (não houve prisões de amigos milionários e autoridades). A Justiça
sempre foi conivente porque sempre envolvia como beneficiários os poderosos
(grupos empresariais). Cadê o “sem preconceito de raça, cor ou credo”, do Direito
Internacional dos Direitos Humanos, constituído em 1948 pela Declaração
Universal dos Direitos Humanos? O nosso povo não tem o hábito de ler e relembro
sempre que, até hoje, nenhum governo investiu decentemente na educação, saúde e
emprego digno, resultando disso um povo alienado, que não lê sequer jornal. A
televisão no regime do caudilho gaúcho Getúlio Vargas não existia e só surgiu
durante o regime militar. Mas, mesmo assim, com uma rigorosa censura, e nos
meios de comunicação havia a figura de um oficial militar controlando o que
deveria publicar no interesse do próprio governo. Hoje, pouco mudou e
praticamente o povo só toma conhecimento quando eles (as autoridades) não podem
mais esconder. E, assim mesmo, atualmente, é como o meu amigo Azambujanra disse:
“está tendo uma pequena mudança no nosso País”. Não é com isso que já reagiram
e mudaram, pois existem ainda as “pequenas corrupções” cotidianas a exemplo de: Jogos de Azar: apostas, loteria
federal, jogo do bicho, bingos, rifas, et cétera. Multar o governo é uma piada
sem graça ou receber através da Justiça gratificação, conforme direito
adquirido por lei. Alguns “líderes” entram em acordo com o governo e abatem
valores sem autorização dos beneficiados pela lei. Um absurdo! Processar as
grandes empresas, a justiça não funciona com imparcialidade, a exemplo de uma
simples marcação de consulta médica:
péssima, arcaica e desrespeitosa. O atendimento hospitalar é ainda pior,
realmente não estão cuidando da saúde do nosso povo. Um exemplo é o Hospital da
Polícia Militar de Pernambuco, que se encontra sucateado, com a maioria dos
reformados e da reserva sendo atendidos
pelo SUS (tirando a vez dos que não têm condições de pagar um plano de saúde).
E, sinceramente, não existe nada mais
inútil do que os “disque-qualquer coisa” do serviço público, diante de se furar
fila, apadrinhamento nos concursos públicos, principalmente em época de
eleições, et cétera.
É o meu papel de
escritor e de cronista social denunciar as injustiças sociais, defendendo a
liberdade de opinião, pois estamos cansados de tantas politicagens. Em minhas
observações eu só vejo o nome de Dilma como alvo de discussão. Mais uma vez
relembro que os três poderes (Legislativo, Executivo e Judiciário) há anos
estão corrompidos e que os cidadãos estão reféns dos desmandos de quem deveria
defender seus direitos. O Ministério Público, por exemplo, não vejo até agora
resolver nada que o cidadão manifesta contra o descumprimento das leis e das “pequenas” corrupções por parte dos governos Federal, Estadual
e Municipal. O que dirá das “grandes” corrupções por parte das grandes empresas
e governo.
No tocante à
hospedagem da presidenta Dilma em Paris, não vejo motivos para criticas, até
porque, sempre os seus antecessores viajaram e se hospedavam, será que era em
“puteiros”? Aliás, acho uma tremenda hipocrisia o que aconteceu ontem, o
presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha abrir pedido de impeachment
contra a presidenta Dilma como forma de retaliação ao seu pedido de cassação
pelos colegas parlamentares, enquanto não existe nenhuma prova que a envolva em
casos de corrupção, quando contra ele cascatas de provas se revelam a cada dia.
Esse é um exemplo real de abuso em um poder corrompido.
Se há risco de “vexame
internacional”, com corte de R$ 1,74 bilhão no Orçamento do Poder Judiciário,
que publicou portaria acabando com a votação eletrônica, prefiro finalizar esta
crônica relembrando do panorama político de antigamente, tempo em que os
analfabetos não votavam, havia muitas fraudes eleitorais, muitos
cabos-eleitorais tiravam títulos de eleitor dos analfabetos e votavam por eles
em diversas zonas eleitorais conduzidos pelos seus corruptos candidatos. Os
eleitores alfabetizados escreviam nas chapas o nome dos seus candidatos
preferidos. Nos anos 50, na cidade de Jaboatão dos Guararapes, a maioria do
eleitorado votou num bode chamado Cheiroso. Foi um sucesso. O município era
conhecido como Moscouzinho devido à sua tendência à política vermelha. Agora
para a eleição de 2016, vamos escrever nas chapas: “sanguessugas” ou
“chupa-cabras”. Mas, como o país está cheio de analfabetos e semi-analfabetos,
irão escrever o quê?
*Escritor, poeta e teatrólogo pernambucano
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