* Por Flora Figueiredo
Não sei como faço para conciliar a noite
Com minha saudade,
Não sei se posso.
Nem como combinar essa verdade crua
Com a eclosão da lua.
Esse remorso.
Não consigo acasalar a brisa
Com minha insuficiência
Que caminha nua e lisa
A par e passo com sua ausência.
Impossível compor o sustenido
Com meu pedaço de amor esmaecido.
Inconcebível.
E se o brilho lá fora descombina
Com a febre fatal que deteriora,
Fecho a vidraça, corro a cortina
E dobro o tempo para enganar a hora.
• Poetisa, cronista, compositora e tradutora, autora de “O trem que traz a noite”, “Chão de vento”, “Calçada de verão”, “Limão Rosa”, “Amor a céu aberto” e “Florescência”; rima, ritmo e bom-humor são características da sua poesia. Deixa evidente sua intimidade com o mundo, abraçando o cotidiano com vitalidade e graça - às vezes romântica, às vezes irreverente e turbulenta. Sempre dentro de uma linguagem concisa e simples, plena de sutileza verbal, seus poemas são como um mergulho profundo nas águas da vida.
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