Chove e a vida é bela
* Por
Pedro J. Bondaczuk
Chove...
Nuvens de chumbo
expelem milhões
de agulhas de cristal.
Silêncio rompido
(silêncio quase total)
pelo som monótono
e sonífero que se espalha.
Suave sinfonia em blue,
de água escorrendo na calha.
Tanta nostalgia, responda,
quem, afinal, resiste?
A saudade instala-se, redonda.
Chove... E a vida parece triste!
Chove...
A terra, encharcada,
sorve, sôfrega,
as lágrimas do céu.
Múltiplas agulhas líquidas
compõem diáfano véu.
Gotas deslizam (que corolário!)
no vidro fechado da janela,
traçando incerto itinerário.
Chove... A vida, afinal, é bela!
Chove...
Lembranças vadias,
de manhãs chuvosas
e tardes silentes e frias
assaltam-me a memória.
Criança brincando,
(parte de uma história),
solta e desgarrada,
na rua cinzenta e vazia
navegando na enxurrada,
com sua encharcada cadela.
Lembrança nunca olvidada.
Chovia... E a vida era bela!
Chove...
Gotas de cristal
escorrem por uma rosa,
perfeita e primorosa,
específica e especial
debaixo da minha janela.
Beleza transcendental.
Chove... e a vida
continua bela!
(Poema composto em 14 de outubro de 2011)
*
Jornalista, radialista e escritor. Trabalhou na Rádio Educadora de Campinas
(atual Bandeirantes Campinas), em 1981 e 1982. Foi editor do Diário do Povo e
do Correio Popular onde, entre outras funções, foi crítico de arte. Em equipe,
ganhou o Prêmio Esso de 1997, no Correio Popular. Autor dos livros “Por uma
nova utopia” (ensaios políticos) e “Quadros de Natal” (contos), além de “Lance
Fatal” (contos), “Cronos & Narciso” (crônicas), “Antologia” – maio de 1991
a maio de 1996. Publicações da Academia Campinense de Letras nº 49 (edição
comemorativa do 40º aniversário), página 74 e “Antologia” – maio de 1996 a maio
de 2001. Publicações da Academia Campinense de Letras nº 53, página 54. Blog “O
Escrevinhador” – http://pedrobondaczuk.blogspot.com. Twitter:@bondaczuk
Para nós, do Polígono das Secas, a chuva por si só já é uma festa.
ResponderExcluir