quarta-feira, 4 de julho de 2012

Eu nos amo

* Por Paulo Bertran

Enquanto você dorme, escrevo versos
para você.
Porque a noite é fria, venta no mundo inteiro,
poeiras e estrela se arrebentam com escândalos
e a lua nova no céu é um cutelo amolado,
promessa de sangue, perfumes, loucuras.

Ah, mi madre, sí, é só uma lua nova
Lilith com roupa nova
e este maldito lampião engasgado
que não sei por que engasga,
se até daqui poucos dias era
um lampião simpático.

Você acordou. Disse coisas incompreensíveis.
Quer fazer xixi no pinico. Pinico não tem.
Voltou a dormir.
A lua enrosca-se na alta madrugada
na garrafa desta vodka sueca excelente.
Eu nos amo.

• Poeta e historiador goiano, autor do livro “Sertão do campo aberto”, Verano Editora.

Um comentário:

  1. Complexo e de bela estética. De onde você tirou essa ideia? "poeiras e estrela se arrebentam com escândalos". Difícil imaginar, mas que ficou atraente, ficou. Parabéns!

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