sábado, 19 de maio de 2018

Amor caramelado - Flora Figueiredo


Amor caramelado

* Por Flora Figueiredo

Eles chegaram.
Algazarra, trambolhões,
bolas, heróis, carrinhos,
chuteiras, piratas e balões.
_ Vó, tem sorvete?
_ Vó, ele comeu sabonete.
_ Escapou xixi na cueca.
Será que tem outra seca?
_ A vovó cata no gol.
_ Falta! Foi ele que me empurrou!
_ Põe todos de castigo, vó.
Você só briga comigo.
_ Vem me ajudar na lição?
Amanhã tem Redação.
_ Olhem! Achei paçoquinha!
Amo você, vovozinha.
Hora de ir embora.
Dói-me tudo, do fio do cabelo
à ponta do dedão.
Silêncio, vazio,
um caminhãozinho abandonado.
Que voltem logo para nova confusão.
Casa de avó é ninho de amor caramelado.

Poetisa, cronista, compositora e tradutora, autora de “O trem que traz a noite”, “Chão de vento”, “Calçada de verão”, “Limão Rosa”, “Amor a céu aberto” e “Florescência”; rima, ritmo e bom-humor são características da sua poesia. Deixa evidente sua intimidade com o mundo, abraçando o cotidiano com vitalidade e graça - às vezes romântica, às vezes irreverente e turbulenta. Sempre dentro de uma linguagem concisa e simples, plena de sutileza verbal, seus poemas são como um mergulho profundo nas águas da vida. 



Nenhum comentário:

Postar um comentário