segunda-feira, 7 de novembro de 2016

Infância perdida, infância roubada


* Por Clevane Pessoa de Araujo Lopes


Não sei se perdida ou roubada,
por certo não pela própria vontade
a infância está diluída
num País de meia idade
vivendo em novo milênio...
Uns nas ruas, sem ter
para onde voltar,
outros cola a cheirar,
tantos trombadinhas a roubar
pertences alheios,
sem ter quem lhes direcione a vida...
No sinais, a vender balas, chicletes, frutas
E se não venderem o encomendado, cada um é surrado, humilhado e pode ir deitar sem comer...
Nas carvoarias, nas cozinhas,
em vez de soltar pipas,
Pular as amarelinhas,
Jogar bola e brincar de pique,
Trabalham além de seus limites,
Exaustos, queimados,cobrados...
Alguns são filhos de putas,
Outros são filhos de santas,
Muitos sofrem pela sedução,
Das drogas, do sexo precoce...
Abuso, estupro, prostituição,
Gravidez, aborto:meninas mulheres
fazem mil erros para ganhar o suficiente
Para o leite, para o pão...
Muitas jogadas fora
Quais cães sarnentos...
Quantas crianças alugadas, vendidas, desaparecidas...
Ao ver animaizinhos enjaulados
 para serem vendidos,nos dias de hoje,
o que parece muito natural,
pois todos se esquecem
 que é livre, o animal
não posso deixar de perguntar:
daqui a quantos anos, crianças enjauladas
para um livre comércio  parecerão
aos nossos olhos então já acostumados,
algo muito natural?...

* Escritora, poetisa, psicóloga e artista visual.


Nenhum comentário:

Postar um comentário