Salva
* Por
Evelyne Furtado
Mil vezes agradeço à
palavra, a mim apresentada em salva da
mais pura matéria, embora não tenha feito dela – palavra - o bom uso que
merece.
Disse em outro escrito
que a palavra é norma, mas que é também alforria. Liberta sou continuamente
pelo verbo que me salva da total inaptidão.
Sou verbo e carne.
Verbo e pele. Verbo e vísceras. Verbo e células. Sou verbo e emoção,
principalmente.
O silêncio, para
alguns, sábio, para mim é remédio amargo. Engulo de uma só vez e travo. Faço
exceção, somente, ao silêncio partilhado
em sagradas ocasiões.
Quero mesmo sorver
palavras doces. Derretê-las como pedras de açúcar que são.
Quero-as em vermelho e
preto. Em branco que é paz; em verde que é esperança e é sorte; em céu azul; em
lilás.
Desejo o vocábulo como
chocolate quente ou café aquecendo língua, garganta e coração.
A palavra pode
levar-me à dor, mas, principalmente, cura-me de todas as dores do mundo.
À palavra, minha ou de
outrem, concedo a mais sincera gratidão.
*
Poetisa e cronista de Natal/RN.
Habilidosa com as palavras e o resultado do seu garimpo foi uma festa.
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