Mulher de fogo e gelo
A primeira mulher citada na série “Catorze personagens femininas
inesquecíveis”, organizada pelo site “Homo Literatus” (WWW.homoliteratrus.com) é Daenerys
Targaryen. Trata-se da protagonista da série de romances (já foram publicados
cinco e há a expectativa da publicação de mais dois) “Crônicas de gelo e fogo”,
do romancista (melhor seria caracterizá-lo como ficcionista, pois é autor,
também, de contos e novelas) e roteirista norte-americano George R. R. Martin.
Ela é a escolha do escritor carioca Gabriel Gaspar, autor do livro “O que pensa
o homem”. Excelente e oportuna lembrança.
Destaque-se que a pesquisa do site reúne catorze
especialistas em Literatura que têm que escolher apenas uma única personagem
feminina que considere inesquecível. E deve justificá-la, claro. Comentar essa
série de romances em um ou num pequeno punhado de parágrafos é impossível, por
maior que seja o poder de síntese do comentarista. O melhor, para quem não a
conhece, óbvio, é lê-la. Valho-me da referência
da enciclopédia eletrônica Wikipédia para caracterizá-la da melhor forma
possível, sem me estender bastante.
A referida fonte diz o seguinte a propósito: “’As Crônicas
de Gelo e Fogo’ (no original em inglês: ‘A Song of Ice and Fire’) é uma série
de livros de fantasia épica escrita pelo romancista e roteirista
norte-americano George R. R. Martin, e publicada pela editora Bantam Spectra. O
autor começou a desenvolvê-la em 1991 e o primeiro volume foi lançado em 1996.
Originalmente concebida para ser uma trilogia, a série consiste em cinco
volumes publicados, com mais dois planejados. Martin também escreveu três
contos derivados e algumas novelas que consistem de resumos dos livros
principais”. Bem, está feita, pelo menos, a apresentação. Eu acrescentaria,
apenas, que no Brasil os livros vêm sendo publicados pela Editora LeYa. A série
foi traduzida para vinte idiomas e vendeu vinte e cinco milhões de exemplares
em todo o mundo. É, pois, um big best-seller, e nem precisava dizer. As cifras
dizem por si sós.
E qual a justificativa de Gabriel Gaspar para escolher,
particularmente, esta protagonista e não outra qualquer? O escritor carioca
explica assim o motivo da sua opção: “Quando o assunto é fantasia moderna,
poucas personagens femininas são tão importantes quanto Daenerys Targaryen, das
famosas ‘Crônicas de Gelo e Fogo’ do escritor americano George R.R. Martin. O
autor é conhecido por criar personagens femininas fortes de uma forma bem
natural, sem masculinizá-las (erro muito comum entre os autores do gênero) e é
com Daenerys que ele dá seus voos mais altos (às vezes literalmente)”. Pois é,
o autor desse épico – adaptado para um grande número de formatos, como jogos de
videogame, histórias em quadrinhos, bonecos em miniatura e uma série de TV
intitulada ‘Game of Thrones’, produzida pelo HBO – é fugir do estereótipo da
mulher frágil, dependente, cabeça oca, manipulável e encarada, sobretudo pelo
mundo masculino, como “objeto sexual”. Ou, quando independente, masculinizada,
perdendo o que a fêmea tem de melhor: a feminilidade no sentido mais amplo.
A mulher de hoje não é assim. Aliás, de tempo algum o foi.
Mesmo tiranizada por milênios e milênios, aparentemente submissa, sempre foi forte,
inteligente e centrada, que sabia o que queria, embora nem sempre conseguindo.
Os homens é que não percebiam ou não admitiam isso. Claro que houve e que há as
que se enquadravam (e que se enquadram), no estereótipo. Há de tudo no mundo.
Mas isso vale não somente para mulheres. Gabriel Gaspar complementa a
justificação da escolha de Daernerys Targaryen como sua protagonista literária
feminina inesquecível: “Começando como uma personagem fraca e indefesa que é
abusada física e psicologicamente, chegando a ser vendida como uma mercadoria
por seu irmão, vai extraindo lições dos espinhos da vida e mostrando a sua
força, assumindo pouco a pouco o controle de um mundo até então dominado pelos
homens. Tudo isso sem perder a sua feminilidade”.
Méritos, pois, para George Raymond Richard Martin, mais
conhecido como George R. R. Martin ou simplesmente GRRM, roteirista e escritor
de ficção científica, terror e fantasia, de 67 anos de idade, nascido em
Bayone, Nova Jersey, em: 20 de setembro de 1948. Ele tem uma característica de
criação que exige extrema concentração para não se contradizer. Dá vida a uma
multidão de personagens (mais de mil) e, ainda assim, consegue imaginar, em
particular, uma mulher tão forte, tão determinada, segura e lutadora, “sem
perder a sua feminilidade”. Trata-se, pois, de uma musa de fogo (paixões) e de
gelo (frieza ao agir), que fascina e da qual é impossível de se esquecer. Eu
não a esqueceria e nem a esqueço.
Li, alhures, outra avaliação semelhante dessa personagem.
Infelizmente, não consegui descobrir seu autor. Mas transcrevo-a, entre aspas,
para deixar claro que ela não é minha, embora concorde integralmente com tal
observação: “No inicio da aclamada obra de George R. R. Martin, Daenerys se
passa por uma personagem totalmente indefesa e fraca, onde sofre varias
agressões psicológicas e é abusada fisicamente, chegando ao ponto de ser
vendida por seu irmão, Viserys. No decorrer da narrativa, contudo, ela vai
absorvendo todas as mágoas sofridas e passa a dominar o mundo tomado por
homens, sem perder o seu jeito feminino. Apesar de se tratar de uma história
fantasiosa, ‘A Mãe dos Dragões’ pode dar exemplo à ascensão da figura feminina ao
poder, assim como tem acontecido em nosso mundo”. Excelente escolha, portanto,
para iniciar essa polêmica (posto que fascinante) série.
Boa leitura.
O Editor.
Acompanhe o Editor pelo twitter: @bondaczuk
Vai dar trabalho, mas ficaremos conhecendo essas mulheres. Foram tantas as mulheres personagens que o padrão fica difícil de ser alterado. Prazer Daenerys!
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