domingo, 14 de junho de 2015

O dia abriu seu pára-sol bordado


* Por Mário Quintana


O dia abriu seu pára-sol bordado
de nuvens e de verde ramaria.
E estava até um fumo, que subia,
minuciosamente desenhado.

Depois surgiu, no céu azul arqueado,
a  Lua – a Lua! – em pleno meio-dia.
Na rua, um menininho que seguia.
Passou, ficou a olhá-la admirado.

Pus meus sapatos na janela alta,
sobre o rebordo... Céu é que lhes falta
pra suportarem a existência rude!

E eles sonham imóveis, deslumbrados,
que são dois velhos barcos, encalhados
sobre a margem tranqüila de um açude.



* Um dos mais importantes poetas brasileiros

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