* Por Flora Figueiredo
Acordou,
Olhou o relógio,
Revirou na cama,
Pulou fora;
Tinha perdido a hora.
Foi acender o fogão,
Queimou o dedo;
Foi matar o inseto,
Mas sentiu medo;
Tentou ler o jornal,
Veio molhado;
quis tomar café,
estava aguado;
foi cuidar do canário,
ele voou para cima do armário.
Ao se enfeitar, borrou o batom;
cantarolando perdeu o tom;
chegou ao compromisso, atrasada,
tinha tanto para dizer,
não disse nada.
Tomou chuva, tomou vento,
Pegou congestionamento,
a luz acabou,
o guarda sumiu,
o pneu furou,
a Argentina empatou com o Brasil.
Recolheu a bandeira,
cobriu a cabeça,
dormiu.
Era segunda-feira.....
• Poetisa, cronista, compositora e tradutora, autora de “O trem que traz a noite”, “Chão de vento”, “Calçada de verão”, “Limão Rosa”, “Amor a céu aberto” e “Florescência”; rima, ritmo e bom-humor são características da sua poesia. Deixa evidente sua intimidade com o mundo, abraçando o cotidiano com vitalidade e graça - às vezes romântica, às vezes irreverente e turbulenta. Sempre dentro de uma linguagem concisa e simples, plena de sutileza verbal, seus poemas são como um mergulho profundo nas águas da vida.
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