sexta-feira, 24 de abril de 2009


Experiência e ousadia

A experiência é algo desejável, mas obtemos essa condição, quase sempre, em idade avançada, quando perdemos outra característica dos vencedores: a ousadia. Todavia, isso jamais pode ser colocado como regra. Há casos e casos. Existem jovens, por exemplo, que adquirem experiência precoce, mas não são ousados. E há pessoas com idade relativamente avançada, mas com ousadia de causar inveja a qualquer garotão. Mas podem ser (por que não?) inexperientes, dada sua realidade de vida. Como se vê, tudo é muito relativo.
O ideal é conquistar, e conservar, ambas as características simultaneamente. É mister, no entanto, jamais confundir ousadia com temeridade. Embora muitos utilizem as duas palavras como sinônimas, seus significados são bastante diversos. Ser ousado é ter coragem, mas com bom-senso. Ser temerário é ser um doidivanas. É se atirar em aventuras sem estar preparado e sem saber como sair das enrascadas que sua irresponsabilidade certamente lhe acarretará.
Em Literatura (como, ademais, na vida) a dobradinha experiência e ousadia torna o escritor insuperável em sua atividade. Faz dele, mais cedo ou mais tarde – dependendo, claro, das circunstâncias – um best-seller nacional, quando não internacional, e finda por o transformá-lo, com o tempo, num clássico (por que não?).
O colunista de maior destaque das sextas-feiras, Urariano Mota, reúne as duas características (e muitas mais). Apesar da sua modéstia, não há como deixar de considerar esse escritor talentoso e mágico como uma das principais “estrelas da companhia”, ou seja, do Literário.
Entre suas tantas virtudes, tem uma que é irresistível: seu estilo coloquial, em que parece confidenciar suas idéias, pensamentos, sentimentos e narrativas ao pé do ouvido do leitor. É ousado, pois, no melhor dos significados da ousadia e experiente, daquela experiência que nos faz chegar sempre antes dos que não a possuem, por sabermos cortar atalhos. Isso fica mais do que claro neste 151° texto que traz à sua apreciação, amável leitor.
Os outros dois colunistas, posto que jovens (e, portanto, ousados), não carecem tanto assim de experiência. Embora iniciantes ainda no mundo das letras (e se digam “aspirantes a escritores”), já dominam bem as técnicas da boa escrita e estão maduros para seus primeiros livros. E estes virão, com certeza, em seu devido tempo.
Rodrigo Ramazzini é perito em diálogos. Seus textos são dinâmicos, vivos, alegres, contagiantes. Publica, hoje, seu 65° conto na condição de colunista. Todavia, antes de ganhar, pelos seus tantos méritos que reúne, uma coluna só sua, já vinha colaborando, sem compromissos, com o Literário. Somados, pois, os seus textos, estes já ascendem a mais de uma centena. Isso mostra, portanto, que além da ousadia, Rodrigo já conta com experiência.
O mesmo vale para Eduardo Oliveira Freire, o nosso “Dudu Oliva”, que publica, hoje, sua quarta contribuição como colunista. Todavia, foi o colaborador não-fixo que mais textos publicou no Literário nestes mais de três anos deste empreendimento. Não lhe faltam, pois, os mesmos ingredientes de Rodrigo e, principalmente, de Urariano: ousadia e experiência.
Outra característica dos colunistas das sextas-feiras é que a sua escolha confirma a preocupação deste editor em privilegiar as várias regiões do País (um dia, ainda teremos todas representadas, porquanto ainda falta o Norte). Temos, representados, hoje, o Nordeste (com Urariano), o Leste (com o Dudu Oliva) e o Sul (com o Rodrigo). E essa distribuição se repete nos outros dias da semana. Traçamos, pois, modestamente, o retrato literário deste Brasil de tantas virtudes e tantos contrastes.

Boa leitura, portanto, privilegiado leitor.

O Editor.

2 comentários:

  1. Gosto dos editoriais. Soube uma vez que César Maia tinha perdido o interesse em governar por estar tomando conta e atualizando permanentemente o seu blog. Essa atividade parece tomar tanto tempo quanto escrever. No seu caso, caro Pedro, há a escolha dos textos, a edição, as fotografias, seu próprios textos e os editoriais. Manter esse espaço é desafio para experiência e ousadia. Vamos cuidar para que os autores tragam sempre mais gente.

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  2. Pedro, o abrigo que você nos faz é a melhor recompensa. Ainda que o abrigo, mais de uma vez, tenha sido maior e mais amplo que o nosso corpo, é bom ter um amigo escritor que é amigo, sem deixar de ser escritor.
    Forte abraço.

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