A garota do trem de Paula Hawkins
* Por
Eduardo Oliveira Freire
Pode não considerado
um clássico da literatura mundial, mas, faz pensar na sociedade em que vivemos.
Como nos iludimos com a superficialidade produzida pelo consumo em relação ao
ideal de vida e família.
Meu objetivo não é
fazer uma resenha e sim mostrar como por meio dos personagens podemos nos
identificar com a dor e o abismo que todo ser humano carrega. Nesse ponto, o
romance é visceral ao mostrar a face obscura da natureza humana que muitos não
conseguem lidar, preferindo se refugiar nas superfícies das máscaras sociais,
na bebida ou nas drogas gerais. A história mostra que o inconsciente sempre
estará martelando a cabeça com a finalidade de mostrar que não adianta fugir.
Com uma narrativa
simples, mas, não simplória, os personagens vão mostrando suas camadas mais
profundas e evidenciando que nada é como parece ser. Inclusive, nos dias de
hoje em que todos querem se mostrar felizes e bem resolvidos nas redes sociais.
Será que são mesmo? Ou interpretam? Ou têm a ilusão que são felizes? É
interessante observar como é importante mostrar o sucesso e isso é uma forma de
insegurança, também. Se você for bem sucedido, não precisa se expor toda hora.
Cada vez mais a sensação de estabilidade se
desmancha no ar e, como o romance mostra, não adianta se refugiar no outro e
viver uma fantasia. Se continuar, cairá ainda mais no poço e se sentirá em
desencaixe com tudo e com todos.
Por isso, acho bacana
não só ler A GAROTA NO TREM como puro entretenimento. Observe com a atenção e
analise os personagens, os quais mostrarão muitas semelhanças com você e com os
outros que passam por nossas vidas.
Outro fato que almejo
dizer, fugindo um pouco do livro, é que muitas vezes nos preocupamos com a
educação formal e acadêmica para arranjar um emprego. Todavia, esquecemos de
cuidar do lado emocional e existencial. Quando terminei a leitura, refleti
sobre essa questão. Como no romance e na vida real, os indivíduos deixam de
cuidar da parte emocional e se transformam em bombas-relógios prestes a
explodirem.
*
Formado em Ciências Sociais, especialização em Jornalismo cultural e aspirante
a escritor - http://cronicas-ideias.blogspot.com.br/
Viajar no pensamento do outro é um privilégio que não abro mão, diariamente.
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