Tipos
inesquecíveis
O professor e pensador japonês Tsunessaburo Makiguti,
primeiro presidente da organização budista Sokka Gakai Internacional, escreveu:
“No mundo existem basicamente três tipos de pessoas: 1.) Aquelas cuja presença
desejamos; 2.) Aquelas cuja presença ou ausência nos é indiferente e 3.)
Aquelas cuja presença é prejudicial, problemática ou indesejável”.
É possível que não haja explicação racional para isso. Não,
pelo menos, uma que seja absoluta, conclusiva e lógica. Há quem nos agrade,
como amigo, logo ao primeiro olhar. E existe, em contrapartida, o pólo oposto.
Alguns indivíduos enchem-nos de satisfação com a simples
presença, sem que precisem dizer ou fazer qualquer coisa, sejam parentes ou
não. E nem sempre são os que têm afinidades conosco. Muitas vezes agem e pensam
de forma muito diferente de nós. E, no entanto, nos são caros. Essa “simpatia”
é algo imediato, instintivo, talvez espiritual.
São essas pessoas – entre as que já morreram, evidentemente
– que nos vêm, com mais força, à lembrança. Sua influência em nossas vidas foi
tão profunda e decisiva, que permanecem vivas, alegres, sábias e sensatas em
nossa memória e nossa estima, tal como as conhecemos em vida, quase que a todo
instante. Portanto, convém que não sejam lembradas com tristeza, com amargura
ou com dor, por mais falta que nos façam. Conquistaram espaço cativo em nossos
corações. Manter-se-ão incorruptíveis, saudáveis e íntegras em nós, enquanto
vivermos.
A perda da companhia dessas pessoas, porém, deixa-nos um
enorme vazio na alma. O poeta Vinícius de Moraes, com sua sensibilidade mágica,
expressou bem esse sentimento numa crônica que diz, em determinado trecho:
“Ah, meus amigos, não vos deixeis morrer assim. Ide ver
vossos clínicos, vossos analistas, vossos macumbeiros, e tomai sol, tomai
vento, tomai tento, amigos meus...Amai em tempo integral, nunca sacrificando ao
exercício de outros deveres este sagrado amor. Amai e bebeu uísque. Não digo
que bebais em quantidades federais, mas quatro, cinco uísques por dia nunca
fizeram mal a ninguém. Amai, porque nada melhor para a saúde do que o amor
correspondido. Mas sobretudo não morrais, amigos meus!”
Este era o Vinícius: sensível, delicado, inteligente,
competente para expressar em palavras nossos mais secretos sentimentos, aqueles
que somos impotentes para verbalizar. Apesar do pungente apelo aos amigos, para
que não morressem, morreu antes. Não fez o que pregou.
Deixou-nos, há já alguns anos, abrindo uma lacuna,
impossível de preencher, na poesia e na música popular brasileira. Mas cumpriu
com dignidade e competência o seu papel. Será sempre lembrado por esta e pelas
vindouras gerações. Como tantos outros indivíduos especiais, mesmo os que não
conhecemos pessoalmente, mas que nos deixaram a marca do seu exemplo ou a
excelência de suas obras o serão, como Mário Quintana, Carlos Drummond de
Andrade, Cecília Meirelles, Manuel Bandeira, Ayrton Senna, Ulysses Guimarães,
Tancredo Neves e Burle Marx, apenas para mencionar alguns que me vêm de
imediato à lembrança.
Fosse mencionar todos, teria que alinhavar, sem nenhum
exagero, algumas centenas de milhares de nomes e ainda assim correria o risco
de omitir vários deles. Sem esquecer, logicamente, dois fantásticos
jornalistas, quer acabam de “nos deixar”, após cumprirem, com competência e
dignidade, sua complicada missão: Geneton Moraes Neto e Goulart de Andrade.
Descansem em paz, companheiros de ideal!!!!
Boa leitura!
O Editor.
Acompanhe o Editor pelo twitter: @bondaczuk
E por falar em repulsa, quantos vemos na TV e nos sentimos mal?
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