Vândalos
* Por
José Calvino
Pela décima vez, a
estátua do poeta Carlos Drummond de Andrade é pichada.
Há oito anos
(31/07/08), houve um recital poético em
homenagem ao centenário do poeta pernambucano Solano Trindade, que flagrou a
fome no País e foi perseguido pelos seus versos. Foi lembrado no Pátio de São
Pedro, próximo à sua estátua, com a presença de alguns poetas da Bahia, do
Ceará, da Paraíba e do Rio de Janeiro.
Enfim, em minhas
andanças pelo Recife constatei mais
vandalismo nas esculturas do Circuito da Poesia, no Centro do Recife. E
o poeta que vos fala recitou “Os vândalos”:
Levaram a sineta
de Solano Trindade,
quebraram o cigarro
de Clarice Lispector,
o dedo de Carlos Pena
Filho,
o nariz de Antonio
Maria,
o sapato do pé
esquerdo
de Mauro Mota,
as pontas do chapéu
de Luiz Gonzaga,
picharam o peito de
Capiba,
João Cabral de Melo
Neto
teve os olhos pichados
de verde,
e cagaram nos livros
de Ascenso!
Investindo contra as
estátuas,
os vândalos estão
contentes,
com o aval dos
insensíveis.
Essa é a cara do
Recife!
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