Sabrina, a quase pudica
* Por Aliene Coutinho
Sabe aquelas pessoas cheias de
teorias, que falam com propriedade de tudo, e que nos matam de rir? Sabrina é
assim. Lembro de um episódio – entre tantos outros – que estávamos num velório,
e bem na hora que o caixão ia ser enterrado, ela com lágrimas nos olhos soltou uma
de suas frases feitas: “Por isso não gosto de flores. Nem todas têm a mesma
sorte, umas enfeitam a vida, outras a morte!”.
Figuraça a Sabrina. Está sempre
alegre, cheia de namorados e affairs, e ao mesmo tempo religiosíssima, vive na
igreja, reza, faz promessa, dá conselhos, pede benções e distribui santinhos,
tipo Santa Edwirges, Santo Expedito e conta dos milagres que já alcançou
tamanha a fé que tem. E quando o assunto
é homem, lá vem ela com todos os conceitos e experiência... “De homem a gente
não pode esperar nada, é usar e jogar fora”. Logo ela que ganha roupas,
sapatos, e viagens, como não esperar nada? Ela sempre tem uma justificativa
para a generosidade masculina.
A última dela foi a revelação que
usava perfume do boto fêmea, a “bôta”, como ela chama a mulher do golfinho da
região amazônica. Segundo Sabrina, os pescadores pescam a “bôta”, tiram um
pedaço da genitália do animal e fazem um perfume que a mulher deve usar nas
partes íntimas. Os homens sentem o cheiro e ficam loucos. E Sabrina fala com tamanha
convicção que qualquer um acredita que o tal perfume vai mesmo dar certo. “Gente,
quando vou para o trabalho com o perfume, os homens me devoram com os olhos”,
diz Sabrina, que sempre está de minissaia, salto alto e decotes que revelam seus fartos seios.
Por essas e outras é sempre o
centro das atenções nas reuniões da mulherada, sem pudor e até com uma certa
inocência – Sabrina não vê maldade em nada – conta das aventuras amorosas, de
que agora está tomando juízo e só namora um de cada vez, explica como funcionam
os equipamentos eróticos indispensáveis a qualquer relação, e sobre quais as
posições sexuais mais prazerosas...Sabrina é quase um kama sutra ambulante.
Goza a vida em todos os sentidos da palavra e sempre termina as conversas com um conselho: “Meninas, fiquem ligadas.
Minha avó já dizia que devemos tirar tudo dos homens, porque se eles não
gastarem com você, vão gastar com outras, e tem mais: eles largam você na hora
que acharem uma bunda maior que a sua”.
Essa é a Sabrina.
* Jornalista, professora de Telejornalismo.
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