O gordinho charmoso e feliz
* Por
Eduardo Oliveira Freire
Ninguém poderia
imaginar que a maravilhosa, gostosíssima Juliana e o seu respeitável galante
esposo fizessem aquele ato tão horrendo, que repercutiu em todos os jornais do
país.
Essa história aconteceu
há dez anos...
Eduardo não era muito
bonito, mas muito meigo e simpático. As pessoas o adoravam. Morava com os pais
e a noiva (por sinal uma gata). A mãe e a noiva disputavam quem iria fazer os
doces que ele gostava. Quando foi trabalhar no novo emprego, a chefe Juliana
era muito bonita e rigorosa. Era esposa do presidente da firma, culta e achava
que as pessoas tinham que cuidar do corpo e estudar. Por isso, ao ver Eduardo,
achou-o repugnante. Seus colegas o consideraram muito engraçado.
Quando os pais e a
noiva ligavam para o celular, para reclamar uns dos outros, ele tentava
apaziguar:
- Mãe, não implica com
a Marlene Maria. Deixa ela fazer o brigadeiro que eu gosto.
- Pai, não escute o
rádio alto, o pessoal de casa está reclamando.
- Marlene para de
ciúmes, deixa minha mãe preparar o bolo de castanha que gosto tanto. Ah!! Você
já passou aquela camisa vermelha e encontrou meus cordões de ouro, pra gente ir
à gafieira? Encontrou?! Te adoro meu docinho de coco bem rechonchudo.
A única que não achava
graça era sua chefe, mas seu jeito engraçado de ser foi conquistando-a aos
poucos.
Um dia, Marlene Maria (sua
noiva) quis fazer uma surpresa. Foi visitá-lo no trabalho. Ela era um pouco
extravagante. Usava um vestido justíssimo e estampado com flores amarelas; o
decote mostrava a exuberância dos seus enormes seios. Os homens da empresa
ficaram impressionados. Como aquele gordinho medonho tinha uma namorada tão
atraente? Até despertou a atenção do presidente da firma, esposo de Juliana.
Bem, Juliana e o marido
gostavam de apimentar a relação. Convidavam outros casais para fazer swing. Ela
queria ver a potência de Eduardo e o marido desejava o corpo de Marlene Maria.
Conversaram sobre o assunto:
- Você viu a noiva do
gordinho escroto?
- Não, mas disseram que
é linda. O Eduardo me atrai e sei que a noiva dele também te atrai.
- Sim, que tal nos o
convidarmos, para passar esse feriado prolongado na nossa casa de praia?
- Acho divino, nós
vamos curtir bastante.
A chefe fez a proposta
para Eduardo. Ele estranhou, porém ela disse que era importante para discutir
uma promoção. Disse que podia levar a noiva. O rapaz levou Marlene Maria
(pobres inocentes) à toca do lobo.
Contudo, ao perceberem
quais eram as intenções do casal anfitrião, quiseram ir embora. O presidente e
sua esposa tiveram um surto:
- Como eles não querem a gente?! Nós somos
bonitos, jovens e magnatas!!!
Pegaram duas espadas de
samurais da coleção que possuíam na parede da sala para matar o outro casal.
Foi uma perseguição feroz. A casa de
praia ficava numa ilha distante e incomunicável. Mas, graças a Deus, Eduardo e
sua noiva foram salvos por pescadores, que no momento passavam em frente da
ilha. Foram direto à polícia.
Quando os policias
chegaram lá para, prendê-lo, o casal tinha se matado.
Eduardo e sua família
resolveram se mudar para evitar o assédio da imprensa. Foram buscar a verdadeira felicidade e a
acharam rapidamente. Ele virou um excelente dançarino de tango e escritor de
romances policiais. Sua noiva e seus pais ficaram sendo seus empresários.
Eduardo e Marlene Maria
tiveram cinco filhos: Maria Lunar, Pérola Verde, Água Corrente, Sol Nascente e
Amor Remoto.
Enfim, foram felizes para sempre!!!
* Formado em Ciências Sociais, especialização
em Jornalismo cultural e aspirante a escritor - http://cronicas-ideias.blogspot.com.br/
O inesperado da história foi o nome das crianças, levando a crer que Eduardo tinha um pé na era hippie.
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