terça-feira, 14 de outubro de 2014

O gordinho charmoso e feliz


* Por Eduardo Oliveira Freire

Ninguém poderia imaginar que a maravilhosa, gostosíssima Juliana e o seu respeitável galante esposo fizessem aquele ato tão horrendo, que repercutiu em todos os jornais do país.

Essa história aconteceu há dez anos...

Eduardo não era muito bonito, mas muito meigo e simpático. As pessoas o adoravam. Morava com os pais e a noiva (por sinal uma gata). A mãe e a noiva disputavam quem iria fazer os doces que ele gostava. Quando foi trabalhar no novo emprego, a chefe Juliana era muito bonita e rigorosa. Era esposa do presidente da firma, culta e achava que as pessoas tinham que cuidar do corpo e estudar. Por isso, ao ver Eduardo, achou-o repugnante. Seus colegas o consideraram muito engraçado.

Quando os pais e a noiva ligavam para o celular, para reclamar uns dos outros, ele tentava apaziguar:
- Mãe, não implica com a Marlene Maria. Deixa ela fazer o brigadeiro que eu gosto.
- Pai, não escute o rádio alto, o pessoal de casa está reclamando.
- Marlene para de ciúmes, deixa minha mãe preparar o bolo de castanha que gosto tanto. Ah!! Você já passou aquela camisa vermelha e encontrou meus cordões de ouro, pra gente ir à gafieira? Encontrou?! Te adoro meu docinho de coco bem rechonchudo.
A única que não achava graça era sua chefe, mas seu jeito engraçado de ser foi conquistando-a aos poucos.

Um dia, Marlene Maria (sua noiva) quis fazer uma surpresa. Foi visitá-lo no trabalho. Ela era um pouco extravagante. Usava um vestido justíssimo e estampado com flores amarelas; o decote mostrava a exuberância dos seus enormes seios. Os homens da empresa ficaram impressionados. Como aquele gordinho medonho tinha uma namorada tão atraente? Até despertou a atenção do presidente da firma, esposo de Juliana.

Bem, Juliana e o marido gostavam de apimentar a relação. Convidavam outros casais para fazer swing. Ela queria ver a potência de Eduardo e o marido desejava o corpo de Marlene Maria. Conversaram sobre o assunto:
- Você viu a noiva do gordinho escroto?
- Não, mas disseram que é linda. O Eduardo me atrai e sei que a noiva dele também te atrai.
- Sim, que tal nos o convidarmos, para passar esse feriado prolongado na nossa casa de praia?
- Acho divino, nós vamos curtir bastante.

A chefe fez a proposta para Eduardo. Ele estranhou, porém ela disse que era importante para discutir uma promoção. Disse que podia levar a noiva. O rapaz levou Marlene Maria (pobres inocentes) à toca do lobo.

Contudo, ao perceberem quais eram as intenções do casal anfitrião, quiseram ir embora. O presidente e sua esposa tiveram um surto:
 - Como eles não querem a gente?! Nós somos bonitos, jovens e magnatas!!!

Pegaram duas espadas de samurais da coleção que possuíam na parede da sala para matar o outro casal. Foi uma perseguição feroz.  A casa de praia ficava numa ilha distante e incomunicável. Mas, graças a Deus, Eduardo e sua noiva foram salvos por pescadores, que no momento passavam em frente da ilha. Foram direto à polícia.

Quando os policias chegaram lá para, prendê-lo, o casal tinha se matado.

Eduardo e sua família resolveram se mudar para evitar o assédio da imprensa.  Foram buscar a verdadeira felicidade e a acharam rapidamente. Ele virou um excelente dançarino de tango e escritor de romances policiais. Sua noiva e seus pais ficaram sendo seus empresários.

Eduardo e Marlene Maria tiveram cinco filhos: Maria Lunar, Pérola Verde, Água Corrente, Sol Nascente e Amor Remoto.

Enfim,  foram felizes para sempre!!!

* Formado em Ciências Sociais, especialização em Jornalismo cultural e aspirante a escritor - http://cronicas-ideias.blogspot.com.br/

      

Um comentário:

  1. O inesperado da história foi o nome das crianças, levando a crer que Eduardo tinha um pé na era hippie.

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