segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Cultura do crime

* Por Roberto Corrêa

Aquele antigo paradoxo de querer melhorar a sociedade com a educação, sem cuidar dos aspectos morais imprescindíveis e necessários, continua a prevalecer, pois não se cuida de proibir ou impedir a divulgação de nocivas publicações, divulgações, inclusive fotográficas, pelos diversos meios de comunicação.

Apesar da evidência, vamos destacar mais uma vez esse ponto de vista que há muito defendemos. Noticia o Correio Popular de 22/7/2013 que o assassinato de toda uma família por uma criança de 13 anos (segundo elementos obtidos até esta data) esclarece que o depoimento feito a dois colegas destaca que Marcelo, esse menor, se inspirava no jogo de videogame Assassi”ns Creed para alimentar suas doentias ideias criminosas.

No caderno 2 do Estadão desse mesmo dia, a jornalista que cuida da parte televisiva nos informa que detalhes desses hediondos crimes vão ser filmados (toda sua reconstituição e peritagens) para já ser exibido pelas tevês ainda este ano!

Pergunto: “a quem interessa saber e conhecer detalhes desses crimes monstruosos, a não ser a família, a própria Polícia e Justiça”? O bom mesmo, para a população em geral, seria não se tocar mais em tal assunto e esquecê-lo, como aos demais crimes torpes e hediondos constante das estatísticas policiais.
Vi de relance, parece-me, pois, que existe comissão para disciplinar os meios de comunicação. Ao que tudo indica, porém, estão preocupados apenas com o aspecto comercial da “coisa”, ou seja, da melhor forma de distribuição equitativa das programações para se evitar o monopólio das emissoras, melhorar o faturamento etc.

Do aspecto moral, o mais importante e que daria início à pretendida recuperação da sociedade como um todo, naturalmente ficará esquecido, marginalizado, na espera daquele milagre que não se sabe quando e se chegará a acontecer.

A cultura do crime se inseriu tão profundamente em nossa civilização, especialmente dos novos mundos, de maneira que eu próprio, lutando sempre para incremento da fé tão imprescindível nos tempos atuais, de tresloucado materialismo, me encolho em detestável pessimismo. Termino, porém, em espírito de oração, para que a Misericórdia Divina, em sua infinita Sabedoria nos contemple com os dons que proporcionam a felicidade que nós humanos tanto desejamos.

* Roberto Corrêa é sócio do Instituto dos Advogados de São Paulo, da Academia Campineira de Letras e Artes, do Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico, de Campinas, e de clubes cívicos e culturais, também de Campinas. Formou-se pela Faculdade Paulista de Direito da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Fez pós-graduação em Direito Civil pela USP e se aposentou como Procurador do Estado. É autor de alguns livros, entre eles "Caminhos da Paz", "Direito Poético", "Vencendo Obstáculos", "Subjugar a Violência”, Breve Catálogo de Cultura e Curiosidades, O Homem Só.


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