Cultura do crime
* Por Roberto Corrêa
Aquele antigo paradoxo de querer melhorar a sociedade com a educação,
sem cuidar dos aspectos morais imprescindíveis e necessários, continua a
prevalecer, pois não se cuida de proibir ou impedir a divulgação de nocivas
publicações, divulgações, inclusive fotográficas, pelos diversos meios de
comunicação.
Apesar da evidência, vamos destacar mais uma vez esse ponto de vista que
há muito defendemos. Noticia o Correio Popular de 22/7/2013 que o assassinato
de toda uma família por uma criança de 13 anos (segundo elementos obtidos até
esta data) esclarece que o depoimento feito a dois colegas destaca que Marcelo,
esse menor, se inspirava no jogo de videogame Assassi”ns Creed para
alimentar suas doentias ideias criminosas.
No caderno 2 do Estadão desse mesmo dia, a jornalista que cuida da parte
televisiva nos informa que detalhes desses hediondos crimes vão ser filmados
(toda sua reconstituição e peritagens) para já ser exibido pelas tevês ainda
este ano!
Pergunto: “a quem interessa saber e conhecer detalhes desses crimes
monstruosos, a não ser a família, a própria Polícia e Justiça”? O bom mesmo,
para a população em geral, seria não se tocar mais em tal assunto e esquecê-lo,
como aos demais crimes torpes e hediondos constante das estatísticas policiais.
Vi de relance, parece-me, pois, que existe comissão para disciplinar os
meios de comunicação. Ao que tudo indica, porém, estão preocupados apenas com o
aspecto comercial da “coisa”, ou seja, da melhor forma de distribuição
equitativa das programações para se evitar o monopólio das emissoras, melhorar
o faturamento etc.
Do aspecto moral, o mais importante e que daria início à pretendida
recuperação da sociedade como um todo, naturalmente ficará esquecido,
marginalizado, na espera daquele milagre que não se sabe quando e se chegará a
acontecer.
A cultura do crime se inseriu tão profundamente em nossa civilização,
especialmente dos novos mundos, de maneira que eu próprio, lutando sempre para
incremento da fé tão imprescindível nos tempos atuais, de tresloucado
materialismo, me encolho em detestável pessimismo. Termino, porém, em espírito
de oração, para que a Misericórdia Divina, em sua infinita Sabedoria nos
contemple com os dons que proporcionam a felicidade que nós humanos tanto
desejamos.
* Roberto Corrêa é sócio do Instituto dos Advogados de São Paulo, da
Academia Campineira de Letras e Artes, do Instituto Histórico, Geográfico e
Genealógico, de Campinas, e de clubes cívicos e culturais, também de Campinas.
Formou-se pela Faculdade Paulista de Direito da Pontifícia Universidade
Católica de São Paulo. Fez pós-graduação em Direito Civil pela USP e se
aposentou como Procurador do Estado. É autor de alguns livros, entre eles
"Caminhos da Paz", "Direito Poético", "Vencendo
Obstáculos", "Subjugar a Violência”, Breve Catálogo de Cultura e
Curiosidades, O Homem Só.
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