terça-feira, 22 de setembro de 2009




Solução Drummond

* Por Laís de Castro

Meus versos nascem tristes e sem rima,
Sonham com ruínas, para ver se a rima persiste,
Desvendam biografias em escombros
Escapam de masmorras em riste
Fulgem no universo amanteigado
Dançam sob o fogo do pecado
Vencem tempestades de giletes
Perdem sílabas em hepatites
Socorrem cães vazios, ocos por dentro
Isolam-se em taquicárdicas cocheiras
Fogem de salas e antessalas exauridas,
Prevaricam em sonoras britadeiras
Espalham carruagens mentirosas
Percorrem ruas tuberculosas
Saltam para abismos homeopáticos
E entoam canções em pantomima
Para ver se escapam do triste
Para ver se persiste a rima,
Para ver se a rima persiste.

* Jornalista desde os 21 anos, quando estreou na tradicional revista Realidade, trabalhou 18 anos na Editora Abril, vários anos na Carta Editorial e outros mais na Azul. Ganhou 3 prêmios Abril, um concurso de contos infantis no Estado do Paraná e é autora do livro de histórias para adultos: “Um Velho Almirante e outros contos”, publicado pelo selo ARX (Siciliano). Atualmente dedica-se apenas à Literatura.

2 comentários:

  1. Se é que ela existe.
    Se a viste
    que a anuncie,
    dedo em riste,
    jaz aqui a rima triste.

    ResponderExcluir
  2. Que lindo, Laís! Além da cronista, agora a Poeta que admiro.
    Beijos

    ResponderExcluir