Menino
23 revela um crime da elite brasileira
* Por
Mário Augusto Jakobskind
Está nas telas um
documentário superimportante intitulado “Menino 23 – infâncias perdidas no
Brasil”, que deve ser assistido por todos os brasileiros que estão interessados
em conhecer a história do país.
No caso, as
investigações do historiador Sidney Aguilar sobre tijolos marcados com a
suástica nazista encontrados no interior de São Paulo acabaram revelando a
história de meninos órfãos e negros, vítimas de um projeto criminoso de
eugenia.
Uma das vítimas,
Aluizio Silva, o menino 23, sobreviveu
para contar a história escondida de todos e que se transformou neste importante
filme sob a direção de Belisário França. Outra vítima, Argemiro, também foi
localizado.
O menino 23 é um dos
mais de 50 garotos negros que foram levados para o interior de São Paulo para
trabalhar como escravos na fazenda da família Rocha Miranda, adepta do ideário
integralista, que, por sinal, vergonhosamente, dá nome a um subúrbio do Rio de
Janeiro,
Adepta do
nazifascismo, a família escravocrata cultuava o símbolo nazista, utilizando-o
em tijolos e até mesmo marcando o gado. Os Rocha Miranda fizeram isso até o
Brasil se definir contra o Eixo e declarar guerra ao III Reich, quando os
meninos foram liberados, mas a história escondida
Aí então, adaptando-se
aos novos tempos passaram a esconder os símbolos. Nunca foram punidos pelo que
fizeram com os meninos negros que trabalhavam como escravos nos anos 30, quando
na elite brasileira era moda a teoria da eugenia, sob a alegação da necessidade
de se aprimorar a “raça branca”. É o que queria a elite brasileira estimulada
por intelectuais racistas como Gustavo Barroso, entre outros.
O tempo passou e
graças ao pesquisador Sidney Aguilar e ao cineasta Belisário França os
brasileiros estão tomando conhecimento de um fato lamentável da história. E não
só isso, como também o fato de os Rocha Miranda terem deixado seguidores até
hoje que se manifestam pregando o racismo, inclusive nas redes sociais.
Com o silêncio
rompido, um silêncio de mais de 80 anos, não tem mais sentido que um subúrbio
do Rio de Janeiro mantenha o nome de Rocha Miranda. Se hoje há campanhas no
sentido de se apagar os nomes de protagonistas da ditadura civil militar que
assolou o Brasil de abril de 1964 a março de 1985, porque se manter o nome de
uma família escravocrata só agora conhecida como tal?
Uma pergunta que não
quer calar: qual o vereador do Rio que pode tocar essa iniciativa?
*
Jornalista e escritor.
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